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10 anos agoon
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O governo do Paquistão aumentará o orçamento destinado a Educação em quatro por cento do PIB em 2018, a partir do nível atual de 2,2 por cento. A Índia, por exemplo, investe cerca de 3,2 por cento do PIB em Educação. O montante será usado para a construção de prédios escolares, compra de equipamentos e treinamento de professores.
“Existem sete milhões de crianças fora da escola no Paquistão”, declara Gordon Brown, ex-primeiro-ministro britânico. Além disso, dado que a população analfabeta do Paquistão é desproporcionalmente feminina e de base rural, Brown diz ainda que está empenhado em aniquilar o antigo costume do casamento infantil, bem como a desigualdade de gênero que permeia o país.
No entanto, apesar das súplicas de Brown, o Paquistão realmente teve um enorme progresso em aliviar o analfabetismo, mesmo com o crescimento rápido da população, em parte devido às iniciativas locais, especialmente em áreas urbanas.
De acordo com estatísticas da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (UNESCO), a partir de 2012, 61 por cento das mulheres jovens paquistanesas – entre 15 e 24 anos – sabiam ler e escrever, contra 79 por cento dos homens nesta faixa etária. Para 2015, estes números são projetados para atingir 72 e 82 por cento, respectivamente.
As taxas de alfabetização dos idosos paquistaneses diminuem com faixas etárias mais elevadas, com as mulheres sendo responsáveis por um número desproporcional de analfabetos. De acordo com a UNESCO, dos quase 50 milhões de adultos analfabetos no Paquistão, mais de dois terços representam as mulheres.
Para toda a população, até 2015, o Paquistão deverá ter uma taxa total de alfabetização de 60 por cento – bem abaixo da marca de 71 por cento da Índia, mas semelhante a que foi projetada para Bangladesh, 61 por cento, um estado muçulmano dominado igualmente por uma população pobre.
No geral, as taxas de alfabetização subiram continuamente no sul da Ásia ao longo das últimas décadas, ao considerarmos que em 1998 menos da metade (43,9%) de todos os paquistaneses eram alfabetizados, enquanto que em 1981, pouco mais de 25% da população sabia ler e escrever.
Mas Brown está correto em apontar que avanços significativos ainda devem ser feitos no Paquistão, especialmente em relação às mulheres e meninas em regiões rurais, onde milhões delas nem sequer frequentam a escola.
Por exemplo, em Swat, região noroeste, um terço das meninas locais não frequentam a escola – em parte devido às restrições conservadoras e a falta de instalações educacionais.
“Devemos desenvolver medidas para enviar meninas e meninos para as escolas. Esperamos desenvolver novas propostas para acelerar esforços em oferecer educação a todas as crianças”, diz Gordon Brown.
“Este é o movimento de mudança, esta é a luta pelos direitos civis para a mudança …e meninas particularmente estão exigindo o seu direito à educação”.
O primeiro-ministro do Paquistão, Nawaz Sharif, também destacou a urgência de aumentar a alfabetização entre a enorme população jovem do país e criar uma economia “baseada no conhecimento” que pode competir no mercado global, em particular nas áreas da ciência da tecnologia.
“Para o Paquistão, a educação não é apenas uma questão de prioridade, mas é o futuro da nação”, diz Sharif. “Mais da metade da população do país tem 25 anos de idade”.
“Com a educação e formação adequada, este enorme reservatório de capital humano pode nos oferecer uma vantagem na corrida para o crescimento e prosperidade na era da globalização. Sem educação, este recurso pode se transformar em um fardo”, comenta Sharif.
Educar a população em rápido crescimento do Paquistão será um desafio e uma pressão sobre as finanças – mas ambos, Nawaz Sharif e Gordon Brown, podem se surpreender com um canto do Paquistão que, de alguma forma, tem conseguido vencer o analfabetismo quase universal.
No remoto Vale do Hunza, uma região no Gilgit- Baltistan, pelo menos 75 por cento de todos os moradores são alfabetizados, e praticamente todos os jovens, independentemente do sexo, sabem ler e escrever.
Quase todas as crianças em Hunza frequentam a escola até o ensino médio, enquanto muitos prosseguem os estudos superiores em faculdades no Paquistão e no exterior.
Hunza difere do resto do Paquistão de outras maneiras também, pois a maioria das pessoas não segue o Islã xiita, e muitos são muçulmanos xiitas ismaelitas. Além disso, embora a maior parte das pessoas em Hunza entenda o urdu, a língua nacional do Paquistão, as línguas primárias em Hunza compreendem Shina, Burushaski, Wakhi, entre outros.
Embora algumas das regiões montanhosas remotas do norte e noroeste do Paquistão terem sido marcadas pelo fundamentalismo militante e pelo terrorismo, Hunza tem evitado tais associações.
Grupos como o Talibã ou o Lashkar- e-Taiba não têm uma presença forte em Hunza, mas tais militantes existem nas regiões próximas de Gilgit e Chilas, e poderiam chegar ao Vale para perturbar a lei e a situação de ordem lá.
“As pessoas no vale de Hunza são amantes da paz e normalmente evitam se tornar parte de uma ideologia extremista”, diz Syed Irfan Ashraf, um jornalista paquistanês. “Da mesma forma, eles têm desencorajado, com sucesso, grupos religiosos extremistas que tentam espalhar a sua influência para Hunza”.
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