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A Safra frustrante de 2015 para as séries

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A Safra frustrante de 2015 para as séries

Nos últimos anos, em se tratando de audiovisual, nos acostumamos em sermos surpreendidos pela televisão e não pelo cinema. Quer dizer, não propriamente pela televisão, mas pelas suas variantes ou herdeiros, como os canais por streaming, canais a cabo, etc. Só que o ano termina deixando um gostinho de insatisfação.

O que 2015 teve de melhor neste quesito não foram produções originais, mas aquelas que concluiram suas trajetórias. Em primeiríssimo lugar, “Mad Men” que encerrou com dignidade e talento uma das melhores dramaturgias norte-americanas dos últimos anos, apoiada em roteiros, direções e especialmente em um elenco sólido. Mais discreto, “Parks & recreation” também fechou sua série fugindo da zona de conforto e cerrando as cortinas de forma competente. Já “The Mentalist” não decepcionou os fãs, mas deixou evidente que a série já estava sobrevivendo respirando por aparelhos e seu último episódio teve clima de final de novela, com direito a casamento reunindo os principais personagens.

E encabeçando a lista de decepções, também chegou ao fim “Two and a half men”, completamente desfigurada e até o último momento dependente da figura de Charlie Sheen, que não apareceu no final. O produtor Chuck Lorre deveria aprender com o fracasso antes de estender para sua outra criação, “The Big Bang Theory”, que poderia se chamar “The Sheldon Show”, tamanha dependência do personagem e fragilidade do programa em inventar situações para garantir uma sétima temporada.

Na Netflix, “Demolidor” foi uma boa surpresa, mostrando que é possível adaptar quadrinhos com alguns tons acima de seriedade e polêmica. Foi contraponto ao bobinho “The Flash” e ao recente “Supergirl” que preferem apostar num público mais juvenil, mais infantis do que o longevo “Smalville”. Também foi a Netflix que marcou pontos com “Better Call Saul”, o derivado do já clássico “Breaking bad” e, entre tapas e beijos, com a repercussão de “Narcos”. Por outro lado, “Orange is the new black” dá sinais de que já contou tudo o que tinha para contar.

Assim também parece que é o caso de “The Walking Dead”, que tentou segurar a temporada num mistério que não emplacou e que – pior – foi muito mal resolvido, subestimando a inteligência do seu público. “TWD” parece não saber mais como sair do lugar. Melhor sorte teve “Game of Thrones”, que apesar da oscilação da temporada, terminou com polêmicas que mantiveram o debate vivo até a próxima temporada.

Outro vinho que azedou foi “True Detective”. Aplaudida por críticos e pelo público na sua primeira temporada, a segunda foi um desastre completo, que inclusive coloca em cheque a existência de uma terceira temporada.

No fim das contas, poucas séries novas se mantiveram no ar e ganharam espaço, como “The Leftlovers”, “ How to get away with a murder” e a nostálgica e bem trabalhada “Agent Carter”. A atenção foi garantida pelas já citadas veteranas, entre elas “House of Cards”. Ou seja, na safra 2015, foram os vinhos mais antigos que deram o tom. Resta torcer para que a safra 2016 nos surpreenda.

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Miguel Stédile é zagueiro, gremista, historiador e dublê de jornalista. © 2014.

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