Uma aldeia chinesa está investindo na produção artística Made in China para manter a economia local em alta. Os trabalhadores na aldeia de Dafen recebem o apelido de Van Gogh on Demand (“Van Gogh por encomenda”, em uma tradução livre para o português) pela produção de mais de 100 mil pinturas de imitação por ano.
Dafen é uma aldeia urbana localizada na cidade de Shenzhen, que abriga milhares de trabalhadores rurais, os quais vivem da produção de pinturas que enfeitam quartos de hotéis chineses ou são vendidos aos turistas ocidentais que visitam o local.
Os moradores também são o tema do livro Van Gogh on Demand lançado recentemente pelo historiadora de arte e professora de retórica na Universidade da Califórnia, em Berkeley, Winnie Wong.
“Há uma tendência atual na China a respeito do ‘sonho chinês’”, declara Winnie, em referência a um slogan popularizado pelo presidente chinês, Xi Jinping.
“A história de Dafen antecipou isso porque é uma história sobre os trabalhadores migrantes que atingiram o seu sonho e também são artistas, o que desperta a atenção”, conta Winnie.
Winie Wong começou a se interessar pela indústria da aldeia em uma visita em 2006, quando viu os trabalhadores aprenderem a pintar inspirados nas obras de Vincent Van Gogh.
Contrariando as expectativas de Winnie, em vez de fábricas em estilo de linha de produção de arte barata, ela encontrou proprietários individuais que estavam produzindo imagens de flores e ruas que não eram necessariamente de baixo custo.
“A maioria dos trabalhadores não tem uma educação artística formal”, explica Winnie. “Mas meu livro argumenta que devemos compreendê-los tão bem quanto nós entendemos todos os artistas. Não importa de onde eles sejam, o contexto ou o mercado em que eles trabalham.”
Winnie fez diversas pesquisas para o livro, morou e trabalhou na aldeia como pintora aprendiz e revendedora para conhecer o processo de produção dos aldeões.
“Cada pintura é feita por ordem, por isso, o preço depende de quanto tempo é preciso para criar”, diz Winnie.
“É possível encomendar um retrato muito realista pelo mesmo preço de um da galeria Chelsea, embora você também encontre alguma coisa por um dólar ou dois”.
Muitos artistas na China e em outros lugares, juntamente com a mídia, têm criticado a arte produzida em Dafen. Winnie atribui a repercussão a um “medo de que tudo seja substituível”, e que se todo mundo é capaz de produzir arte, ninguém vai ter o privilégio de ser um grande pintor.
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