
As leis dos mais fracos
A lei do mais bobo.
Era uma vez uma onça. Ela estava caçando quando encontrou um coelho bem apetitoso.
Devagar ela chegou pertinho do coelho, pulou pra dar o bote quando o coelho gritou:
– Uma mãe nunca faria isso com outra!
A onça parou, pensativa. Olhou aquele coelho, agora coelha, que a observava com confiança.
– Dona Onça, a senhora é mãe. Sabe o que é amar um filho e ter todo o cuidado do mundo com eles. Imagina como vão ficar meus coelhinhos se a senhora me comer?
A Onça andou para um lado, olhou para o outro, abaixou a cabeça.
– A senhora sabe como andam as coisas. Vida de coelho não tá fácil não. A crise tá aí, a gente tá tendo que se virar como pode. Imagine a senhora se, de repente, eu deixo de levar comida pra casa?
– Mas é que….
– Não venha com desculpinhas…. Não é de hoje que a senhora come os membros da minha família. Essa desigualdade vem de longe. E a senhora, com seu discurso de lei do mais forte, não faz nada mais do que manter essa situação assim, só porque é mais cômodo pro seu pessoal.
– Você…
– Nada disso. Já são gerações e gerações de humilhação. Queremos de volta os nossos direitos, nossas causas são justas, as explicações são convincentes e é impossível a senhora achar que estamos errad…..
Em uma bocada só a Onça comeu o coelho e ainda aproveitou para pegar dois dos filhotinhos para levar para casa.
Afinal, Onça é um bicho típico do Brasil. Não vai aceitar que uma mudança dessas aconteça assim, de uma hora pra outra.
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Diogo Mono. Redator publicitário, tenta ser escritor, será pai de família e continua sendo um observador das coisas do cotidiano. © 2014