
Foto: Pol Úbeda Hervàs
Como qualquer grande mágico vai dizer, ilusões influenciam mais a percepção humana que a paranormalidade. Apesar de não ser de fato ciência, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Cambridge usaram este princípio de mágica para dar um passo mais perto para desenvolver uma tecnologia vinda da ficção científica: uma capa de invisibilidade. De acordo com o Ventsislav Valev, um dos cientistas envolvidos no estudo, o produto final será mais provável que se pareça com um terno rigído do que a roupa flexível glamourizada por Harry Potter.
Tal como acontece com todos os grandes projetos, você tem que começar pequeno, neste caso, microscópico. Os pesquisadores de Cambridge construíram blocos de construção em nanoescala chamados “metamateriais”. Estes são materiais, compostos de nanopartículas que, devido à sua geometria, são capazes de controlar a forma como a luz interage com eles. “Nós estamos estudando uma maneira de produzir uma grande quantidade desses metamateriais na água”, diz Valev Newsweek. “É bastante irônico, pois usarmos a luz como uma ferramenta de fabricação de um material que poderia um dia se tornar invísivel.”
Como um bom truque de mágica, os metamateriais não vão funcionar alterando as propriedades físicas de um objeto, mas mudando a forma como o objeto é percebido. “Através desta tecnologia é possível não só esconder algo, mas também fazê-lo parecer como qualquer outra coisa”, diz Valev.
Embora a tecnologia de invisibilidade utilizável é “olhar muito para o futuro”, diz Valev, a idéia de camuflagem completa é “muito improvável”, os cientistas esperam que essa tecnologia possa um dia ser usada para a construção de equipamentos militares. Por enquanto, Valev sugere pelo menos uma aplicação prática na vida real para os metamateriais de sua equipe: a segurança. A tecnologia também vai chegar ao ponto onde poderá detectar uma única partícula que flutua no ar. Valev diz que isso pode ser útil para os inspetores de aeroportos ao rastrear vestígios de drogas no ar e explosivos que mesmo os narizes mais sensíveis caninos e computadores podem não encontrar.
Embora a equipe tenha construido esses metamateriais intrincados, sua funcionalidade em um cenário da vida real ainda “não foram demonstrados”, Valev admite. “Este é o próximo passo em nossa pesquisa.”
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