TIANJIN, China – Yao Ming pensa que a China precisa de mais liberdade – pelo menos quando se trata de um assunto. A antiga estrela de basquetebol da NBA se queixou de que a sua fundação de caridade está passando por dificuldades pelas regras Chinesas ao limitarem apenas 10% das contribuições que podem ser utilizadas para despesas como salários de executivos, espaço de escritório e viagens.

Ele contrasta estas restrições com as regras aplicadas nos EUA. “Eles têm mais liberdade”, disse Yao Mingo durante o World Economic Fórum. “Eles podem estabelecer as próprias regras e princípios para as doações.”
Na China, “as regulamentações governamentais são bastante estritas”, acrescentou Yao. “Não temos flexibilidade suficiente”. Como resultado disso, disse ele, a sua fundação “não pode recrutar as pessoas mais notáveis”. Acrescentou cuidadosa e sorridentemente: “O que não implica que as pessoas que temos não sejam excelentes”.
Os americanos podem ficar surpreendidos por ouvir que o seu modelo relativamente liberal de filantropia é tido como modelo. Grandes empresas de caridade têm estado sobre escrutínio por alegadamente gastarem mais de metade das contribuições nas suas despesas.
Os comentários de Yao atraíram olhares curiosos de uma sala cheia de fãs chineses e estrangeiros, muitos utilizando smartphones para tirar fotografias descaradas – e encantados – apesar dos múltiplos anúncios de proibir fotografias.
Conhecido mundialmente como a estrela do basquetebol chinês, o escultural Yao – com os seus 2,30m – serviu como embaixador cultural chinês. Ocupa também um lugar no National People’s Congress, órgão legislativo da China, lugar pouco tradicional para denunciar a falta de liberdade no Reino Médio.
Mas, à medida que refletiu sobre os seus anos passados nos EUA, onde singrou na equipe de basquetebol Houston Rockets durante 8 anos, e onde ainda conta com inúmeros amigos, Yao disse que os americanos estão em vantagem quando se trata de filantropia.
A organização sem fins lucrativos de Yao Ming Foundation começou em 2008, após o catastrófico terramoto na região de Sichuan, no sudoeste da China. Sob orientação de Yao, a sua fundação doou subsequentemente fundos para a reconstrução de escolas na região afetada.
Yao levou também a tona grandes campanhas de conservação, viajando até
África para condenar a matança de elefantes pelo marfim, muito deles destinados ao território chinês.
“Fiquei chocado com sentimentos que não podia trazer de volta com fotografias”, disse ele, enquanto recordava uma visita a um orfanato de elefantes onde encontrou um elefante com 10 dias de vida, cuja mãe tinha sido morta na caça ao marfim.
Yao também incitou os consumidores chineses a se abster do consumo de sopa de barbatana de tubarão, e ajudou a angariar fundos para divulgar e consciencializar as pessoas sobre AIDS/HIV.
Os protestos de Yao relativamente aos limites da utilização das contribuições apresentam um aparente contraste ao espírito de caridade publicitado no seu site, que refere que ele e a sua mulher, Ye Li, “comprometeram-se a pagar os custos administrativos da Fundação, para que 100% de qualquer contribuição pública seja direcionada para causas caridosas”.
“O que nos falta é flexibilidade”, disse ele na quinta-feira. “Queremos contratar pessoas com a mais elevada expertise, mas não temos disponibilidade para tal.”
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