
Cidadela medieval em plena Serra da Cantareira
Quem não conhece o Velhão, está em tempo. O conjunto murado em plena Serra da Cantareira é incrível, pois é capaz de nos transportar para uma outra época. É como se você estivesse em uma cidadela medieval. E isso tudo a alguns quilômetros do centro de São Paulo.

O lugar impressiona também pelo acabamento. Olhando bem de perto, depois de atravessar o portal, você percebe que tudo ali foi construído com material de demolição, como telhas, tijolos, esquadrias, luminárias de rua, imagens decorativas de fontes, banheiras de ferro, etc.
Explico o motivo: A construção concebida por Moacyr Archanjo dos Santos, o tal “velhão” (já falecido), foi inicialmente um modesto barracão para seus trabalhos com marcenaria, servindo também de depósito para as peças de demolição que ia encontrando e julgava ser “material artístico”.
Trabalhando com o que então era lixo para a maioria das pessoas, Moacyr expandiu seu acervo e adquiriu mais lotes, sempre apoiado por sua esposa, atual proprietária do complexo. Dona Iracema, ou melhor dizendo, a “Véia”, deu continuidade ao sonho do seu então falecido marido. Capacitou jovens da comunidade local para as oficinas de marcenaria e serralheria e com isso, acabou construindo uma cozinha para uso exclusivo dos funcionários/aprendizes. Começaram a surgir os primeiros clientes e Dona Iracema resolveu transformar a cozinha em restaurante. Se chama “As Véia”.
O Velhão hoje é mais ou menos isso: um complexo de ambientes – um restaurante, cinco bares, algumas lojinhas, uma serralheria que atende sob encomenda, uma marcenaria que vende materiais de demolição, uma capela, uma escola que atende às crianças da comunidade e um posto de atendimento médico – construído em meio ao verde da Mata Atlântica com material de demolição reciclado. Um lugar disponível a imaginação; mais sensível do que descritível. Só indo lá pra ver.

P.S: Nenhum dos estabelecimentos aceita cartão de crédito ou débito. Ou seja, leve dinheiro e chegue cedo. No fim de semana, o restaurante “As Véia” costuma encher e ter fila de espera depois das 13hs. Já os bares, só abrem depois das 18h.
Estrada Santa Inês, 3.000 – Mairiporã – São Paulo / SP
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Clarissa Sá é carioca. Chegou em São Paulo em 2012 para trampar e acabou por tomar gosto pelas preciosidades que passou a garimpar na Pauliceia. © 2014. Para conhecer suas outras garimpadas, acesse: http://garimpandonapauliceia.wordpress.com