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Antes da revolução da Internet banda larga e das redes sociais, computadores eram de domínio apenas de quem trabalhava com eles como engenheiros e profissionais de Tecnologia da Informação. Nos últimos anos, a tecnologia se pulverizou e, segundo o relatório de indicadores da ANATEL, desde 2007 a quantidade de pontos de acesso à rede por banda larga cresceu de 7,7 milhões para perto de 21 milhões no Brasil. Além disso, o avanço das tecnologias de hardware, a redução dos custos de acesso e a criação de aplicativos gratuitos inseriram muitas pessoas no cenário digital.
Com inúmeros dados e informações sobre clientes, mercados e empresas, executivos e profissionais atrelados a tomadas de decisão passaram a enxergar novas possibilidades de fazer negócio e de alavancá-lo. A integração de informações vindas de diversas fontes, como redes sociais e bancos de dados internos das companhias, traz a possibilidade de entender melhor os consumidores e fornecer produtos mais próximos aos seus desejos e necessidades.
Nesse contexto, as pessoas têm um papel importantíssimo neste processo. Elas são responsáveis por explorar os dados, desenvolver os modelos matemáticos que melhor atendem às necessidades do negócio, além de vislumbrar novas oportunidades que possam gerar diferenciais baseadas nos dados.
O cientista de dados, nome dado ao profissional desta área, vive em três mundos: o dos negócios, o da matemática e o de TI. Sua função é transformar os dados disponíveis em balizadores de decisões a serem tomadas. Esse processo de trabalho com dados exige que este profissional tenha qualificações na área de TI para que consiga acessar e processar o dado de forma eficiente e em tempo hábil, capacidades matemáticas para entender as implicações dos modelos utilizados e de negócio para que possa traduzir tudo isso em relatórios que possibilitem decisões assertivas.
Profissionais que transitem entre esses campos não são comuns no mercado, uma vez que o processo de formação profissional foi durante muito tempo segregador dos conhecimentos por áreas. Assim, hoje encontramos profissionais com formação em TI, matemática, estatística, análise de negócios ou engenharia e que fizeram especializações complementares para trabalharem com dados. Apesar disso, é possível visualizar no LinkedIn que muitas das vagas para “data scientist” requerem um “full stack engineer”, alguém que domina todo o processo de ciência de dados.
Para solucionar o problema acadêmico, as empresas segmentam o processo de análise de dados e contratam profissionais com conhecimento em, pelo menos, duas áreas complementares.
Alguns cursos novos vêm chamando atenção por tentarem preencher esta lacuna de formação. Os cursos de matemática aplicada de universidades como UFRJ, PUC-Rio e FGV acrescentaram matérias da área de TI e negócios, possibilitando aos seus alunos a entrada no mercado de dados. Há também uma iniciativa recente do site www.coursera.com que traz um curso online de especialização em ciência de dados, que é certificado pela universidade de Johns Hopkins, 15ª no ranking da The World University Rankings. Vale ressaltar que apesar de existirem muitos cursos de tecnólogos em processamento de dados o tipo de formação oferecida por estes normalmente não dá a qualificação necessária para o profissional atuar como cientista de dados.
Por Marcos Paulo Faria Lima Barreto