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De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), as doenças transmitidas por vetores são responsáveis por 17 por cento de todas as doenças infecciosas globais. Em primeiro lugar, controlá-los é um passo fundamental para a sua eliminação. Assim, depois de quase uma década, os cientistas finalmente conseguiram sequenciar o genoma da mosca tsé-tsé.
A mosca é responsável pela propagação de doenças como a tripanossomíase africana – conhecida como a doença do sono -, dengue e malária. Compreender a sequência genética da mosca pode dar pistas aos cientistas sobre a biologia única que a torna capaz de transmitir doenças para todos os animais vertebrados.
As moscas habitam grande parte da África subsaariana e colocam cerca de 70 milhões de pessoas em risco de infecção.
O estudo foi conduzido por uma equipe internacional de cientistas de 78 institutos de pesquisa em 18 países. Eles analisaram o genoma da mosca tsé-tsé em quase 12 mil genes que controlam a atividade da proteína. Ao fazer isso, eles foram capazes de identificar as partes específicas da anatomia da mosca que lhe permitem espalhar a doença.
“As moscas tsé-tsé transportam uma doença potencialmente mortal”, diz o Dr. Matthew Berriman, coautor sênior do estudo do Instituto Wellcome Trust Sanger. “Nosso estudo vai acelerar a pesquisa que visa explorar a biologia incomum da mosca tsé-tsé. Quanto mais entendemos, mais capazes somos de identificar os pontos fracos e usá-los para controlar a mosca tsé-tsé em regiões onde a tripanossomíase africana é endêmica”, conclui o Dr. Matthew.
A mosca tsé-tsé é relacionada com a mosca da fruta, mas seu genoma é duas vezes maior. Além disso, elas têm um ciclo de vida incomum. As fêmeas fertilizam um único ovário por vez e o mantém no útero.
Ao olhar para os órgãos sensoriais da mosca, os cientistas descobriram um conjunto de proteínas responsáveis pela visão e olfato, que a ajudam a encontrar um hospedeiro, bem como um companheiro.
A atração da mosca pelas cores azul ou preta também foi atribuída a sua gene fotorreceptora, chamada rh5. As autoridades já começaram a implementar métodos de armadilhas com essas cores.
Os pesquisadores também analisaram as moléculas salivares da mosca e encontraram uma família de genes conhecidos como tsal, que se tornam ativos quando se alimentam de sangue, neutralizando a resposta do hospedeiro.
“Esta informação será muito útil para ajudar a desenvolver novas ferramentas que possam reduzir ou mesmo erradicar a mosca tsé-tsé”, explica o Dr. John Reeder, diretor do Programa Especial de Treinamento de Pesquisa em Doenças Tropicais da OMS.
“A doença do sono é pouco estudada e ficamos muito satisfeitos por ajudar a reunir tantos grupos de pesquisa para trabalhar por um objetivo comum: a eliminação desta doença mortal”, afirma o Dr. John.
A OMS lista a tripanossomíase africana como uma doença tropical negligenciada e, desde 2013, tem tomado medidas para a erradicação da doença.
© IBTimes, 2014.