Ferramentas de alta tecnologia estão cada vez mais entrando nas salas de cirurgia. Hoje já existe máquina de anestesia, monitor cardíaco, e…Google Glass? Isso mesmo, alguns cirurgiões estão usando o aparelho para ver se o dispositivo pode ajudar os médicos a melhorar o atendimento aos pacientes e educar os residentes.
Agora, os estudantes de medicina estão recebendo uma visão mais ampla dos procedimentos médicos, com um ângulo que não podiam ver antes nas salas de aula.
“O Google Glass captura uma imagem de tudo que você está olhando durante a cirurgia”, disse o cirurgião Jason, da Universidade do Arizona, ao canal de televisão KVOA. “Nós tentamos usar outros tipos de câmeras, mas o toque desses aparelhos podem ser um risco de contaminação. O Google Glass permite captar ângulos impossíveis, e isso ajuda a ensinar os nossos alunos com mais precisão”.
O Google Glass não é apenas benéfico para fins de ensino, que pode fornecer acesso rápido a informações vitais que um cirurgião precisa durante a operação.
O cirurgião cardiotorácico, Pierre Theodore, Universidade da Califórnia, diz ter encontrado um dispositivo útil para tomadas rápidas em imagens de raios-X durante a cirurgia. Sem o Google Glass, um médico geralmente precisa acompanhar a cirurgia por um monitor. Mesmo que as interrupções sejam breves, em algumas operações delicadas, cada segundo conta.
“Alguns cirurgiões não conseguem acessar as imagens radiográficas em momentos que mais precisam”, disse Theodore. “Isso pode comprometer uma operação”.
Com o Google Glass, Theodore pode carregar uma imagem de tomografia computadorizada ou de raios-X que poderá usar no procedimento, em seguida, buscar rapidamente informações importantes do paciente enquanto está operando.
“Muitas vezes, um tumor que precisa ser removido está profundamente escondido dentro de um órgão, por exemplo no fígado, pulmão…”, disse Theodore em um comunicado divulgado pela UCSF. “É muito útil ter os raios-X diretamente no seu campo de visão sem precisar sair da sala de operações para conseguir essa informação em algum sistema que precisa até se logar. Não podemos esquecer que o paciente precisa de 100 por cento de atenção durante o tempo que está na mesa de cirurgia”.
Outros cirurgiões tiveram a mesma ideia. Um cirurgião plástico da Universidade de Chicago usou a tecnologia durante a realização de uma rinoplastia em um paciente que se machucou no parque de diversões em dezembro do ano passado. No mesmo mês, um cirurgião ortopédico da Universidade de Alabama- compartilhava um vídeo ao vivo de uma restauração no ombro com um colega, em Atlanta, o que permitiu a consulta virtual em tempo real entre os dois médicos.
Mas o dispositivo não é perfeito: sua autonomia é limitada e alguns cirurgiões precisam usar baterias extras. Além disso, a maneira como a câmera do dispositivo é posicionada nem sempre é ideal para capturar fotos e vídeos de cirurgia. O estudante de medicina da Universidade Ohio, Ryan Blacwell disse à ABC News que na revisão de vídeos de cirurgia, as incisões capturadas perto da parte inferior da tela são mais difíceis de ver.
Os pacientes também precisam concordar com os seus médicos usarem o Google Glass durante os procedimentos (nem todas as pessoas se sentem confortáveis com a ideia filmarem a parte de dentro do seu corpo). Mas, apesar dos pequenos obstáculos, muitos médicos que testaram a tecnologia estão otimistas com o potencial do dispositivo.
“Se você acredita na premissa de que é fundamental ter dados precisos sobre o paciente diante dos seus olhos faz com que o médico tome a melhor decisão na hora da cirurgia, então me parece conveniente trabalhar com esta nova tecnologia”, conclui Theodore
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