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Coração em campo: saiba como o organismo reage às emoções do futebol

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Por causa da liberação de hormônios, uma partida de futebol pode expor o organismo aos riscos de infarto.

futebolJogos de futebol são capazes de despertar grandes emoções nos torcedores mais fanáticos. Quando se trata de um evento com tamanha repercussão e poder de mobilização como a Copa do Mundo, o comportamento do organismo pode mudar consideravelmente diante de tamanha adrenalina. Pesquisas indicam que, seja ganhando ou perdendo, o que realmente causa alterações no corpo é a dramaticidade das partidas. A hora dos pênaltis, por exemplo, é responsável por muitos ataques do coração.

Quando o organismo é exposto a fortes emoções, libera hormônios na corrente sanguínea que causam sintomas como suor frio, coração acelerado e sentimento de euforia, sensações muito características de quem acompanha uma partida de futebol. No entanto, esses mesmos hormônios podem se tornar prejudiciais à saúde. De acordo com o Dr. Rafael Munerato, diretor médico e cardiologista do Delboni Auriemo Medicina Diagnóstica, quando estamos diante de fortes emoções, temos uma forte descarga de adrenalina em nosso corpo. “Esse hormônio aumenta a frequência dos batimentos cardíacos e a pressão arterial”, explica o especialista.

Para uma pessoa saudável, isso significa apenas que o coração vai bater mais rápido. Mas, de acordo com Dr. Rafael Munerato, para uma pessoa cardíaca tal fenômeno pode desencadear reações mais graves: “Se o sangue passa com mais velocidade e maior pressão por vasos sanguíneos com placas de colesterol, pode haver erosão desse canal. Neste caso, inicia-se então um processo de coagulação que fecha o vaso, causando infarto”, completa.

Caminhos até o coração

A adrenalina é o hormônio responsável pelo sinal de alerta que o organismo recebe por meio da corrente sanguínea. Secretada pela glândula suprarrenal, a substância pode tanto aumentar a pressão sanguínea quanto a frequência de batimentos cardíacos. No primeiro caso, a principal consequência é a ocorrência de erosão no vaso sanguíneo e coagulação, que causam o infarto.  No segundo caso pode causar arritmias ou paradas cardíacas, já que a demanda de oxigênio aumenta muito sem que o corpo seja capaz de supri-la.

Além da adrenalina, outros dois hormônios secretados pelo organismo são o cortisol e a testosterona, que também atuam diretamente no coração. “O cortisol potencializa os efeitos da adrenalina, porque os dois hormônios tem ações semelhantes: ambos jogam mais açúcar no sangue”, detalha Dr. Munerato. Já a testosterona vem para compensar esse efeito, estimulando o crescimento dos tecidos.

Por causa da liberação de hormônios, o organismo entende a situação de um torcedor durante o jogo como possível perigo ou risco. Como a adrenalina é liberada em situações de estresse, o corpo se prepara para reagir: “Esse mecanismo sempre existiu no corpo e é ativado frente a situações de perigo, preparando a pessoa para lutar ou fugir”, completa o especialista. Daí a importância de manter a alimentação balanceada, a prática regular de atividades físicas e os exames cardíacos em dia, para evitar surpresas durante o momento intenso dos jogos.

Dr. Munerato lembra que, de acordo com um estudo realizado pelo professor Dr. Antonio Pazim, da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, 50% das pessoas que sofrem um infarto não chegam ao hospital. “Quem chega ao hospital é considerado um sobrevivente”, alerta o cardiologista do Delboni Auriemo. Caso a pessoa sofra uma parada cardíaca junto com o infarto, para cada minuto sem atendimento, ela perde 10% de chance de sobrevida. “É por esse motivo que aeroportos internacionais, por exemplo, têm desfibriladores a cada três minutos de caminhada”, conta ele. O professor enfatiza que as pessoas não devem se desesperar com esses dados, apenas se prevenir. “Ninguém precisa evitar os jogos. Quem tem predisposição a problemas cardíacos deve apenas procurar um médico antes da Copa e iniciar o tratamento.”

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