Hábitos comuns no dia a dia podem ser prejudiciais quando utilizados em excesso ou de forma incorreta, trazendo sérios riscos à saúde.

Foto: Reprodução
Descongestionantes nasais, hastes flexíveis de algodão e enxaguantes bucais estão entre os produtos que podem ser comprados em qualquer farmácia sem a necessidade de prescrição médica. É muito comum encontrarmos esse tipo de produto em qualquer residência, porém o uso indiscriminado pode trazer riscos à saúde, por isso é preciso que se tome muito cuidado!
Descongestionante Nasal: a ação descongestionante é um alívio nas rinites, sinusites e gripes, mas quando o produto é utilizado de maneira abusiva pode agravar a rinite alérgica e causar perfuração de septo e sangramento nasal.
Utilizados por grande parte da população, estes medicamentos, quando usados de maneira contínua e sem a indicação de um médico, podem levar a um tipo de rinite chamada de rinite medicamentosa. “A possibilidade de comprar o medicamento sem necessidade de receita médica pode causar a impressão de que determinadas substâncias não têm efeitos adversos. Muito menos se este remédio for de uso tópico, como ocorre com os descongestionantes nasais. Porém, esses descongestionantes possuem em sua formulação substâncias vasoconstritoras, que causam a obstrução nasal rebote. Quando não é tratada a causa desta obstrução, este quadro leva à necessidade do uso cada vez maior da medicação, que começa a produzir alterações na fisiologia da mucosa do nariz. Quanto mais perturbada a fisiologia nasal, mais sintomas a pessoa têm, e mais medicação ela utiliza, gerando um ciclo vicioso que leva à rinite medicamentosa”, alerta o membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial (ABORL-CCF), Dr. Paulo Saraceni Neto.
Além do dano local, a absorção sistêmica dos descongestionantes nasais usados em grande quantidade pode levar ao aumento dos níveis de pressão arterial. “Apesar destes efeitos, os descongestionantes têm seu papel no tratamento sintomático das doenças naso-sinusais. No entanto, devem ser utilizadas sob indicação médica precisa e de preferência nunca ultrapassar o período de cinco a 10 dias”, revela o médico.
Hastes flexíveis de algodão: diferentemente do que muitos pensam, a cera localizada dentro da orelha não é sujeira, ela funciona como proteção dos ouvidos à agressão de agentes externos, como bactérias e fungos.
Estudos mostram que o uso frequente das hastes flexíveis de algodão está relacionado à maior chance de obstrução auricular pelo cerume. Isto sem mencionar os inúmeros casos de trauma, que podem causar desde sangramento até perfuração timpânica. “Nada deve ser colocado no ouvido sem a completa visualização. A limpeza deve ser realizada apenas na parte externa do conduto e pavilhão auditivo, que são as partes visíveis a olho nu”, afirma Dr. Paulo Saraceni Neto.
Enxaguante bucal: responsável por aquela sensação de frescor na boca, os líquidos antiassépticos estão cada vez mais presentes na vida das pessoas. Para reduzir ou acabar com o mau hálito, muita gente faz uso diário do produto. Porém, a maioria dos enxaguantes disponíveis no mercado possui quantidade significativa de álcool em sua composição, o que é considerado nocivo à saúde.
“A recomendação do uso destes enxaguantes bucais dentro da otorrinolaringologia é muito restrita. Em nossa prática clínica costumamos indicá-los como adjuvante na higiene daqueles pacientes submetidos a cirurgias da região oral, mas por um curto período de tempo e apenas com formulações sem álcool, para não causar danos à mucosa”, finaliza o otorrinolaringologistamembro da ABORL-CCF.