
Dias melhores virão
Já assistiu a um vídeo em que a Coca-Cola, sem dizer que era a marca de refrigerante, lançou uma campanha sobre as pílulas mágicas para emagrecer? A companhia fez um anúncio no jornal dizendo que daria o remédio para as 50 primeiras pessoas que ligassem. Selecionou três, entrou em contato com os familiares deles e, no dia de buscarem a encomenda, claro que também “por encomenda”, tudo deu errado. O carro não pegou, o cachorro correu atrás, uma velhinha pediu ajuda para subir num prédio sem elevador, uma moça bonita derrubou suas compras e obrigou o gordinho a fazer agachamento. A vontade era tanta, que, ainda assim, todos chegaram ao destino e receberam, na caixinha, um iPod com as imagens do seu dia, mostrando que mais atividade física e menos sedentarismo os faria chegar ao objetivo.
Aposto que no meio do caminho, algum deles chegou a pensar na palavra “boicote”, em azar, em “hoje eu não devia ter levantado da cama”, ou, “que diazinho”, tomara que acabe logo. Aí, no final, percebendo que realmente o “boicote” existia e que, na verdade, não era um boicote, mas um incentivo, passaram a enxergar, pelo menos naquele dia, as coisas diferentes.
Lembrei de uma vez em que estava insatisfeita, querendo vida nova e ia emendar, no fim do dia, uma entrevista de emprego. Saí correndo, agitada, um pouco tensa com as perspectivas de mudança. Na época, parava meu carro na rua, próximo a uma praça. Claro que, no meio da correria, no último passo antes de entrar no carro eu pisei onde? Num cocô de cachorro, por que não? Lembro que o primeiro pensamento, aquele do piloto automático foi: “Não acredito!” Como vou com o sapato sujo e fedido para uma entrevista? Limpei na grama como deu, entrei no carro e fui.
No trânsito, a caminho, lembrei da época em que fazia teatro, na adolescência. Foi lá que eu aprendi o porquê os atores desejam “muita merda” antes de começarem uma peça. Diz a lenda que, antes do surgimento dos automóveis, as pessoas iam de charrete para os teatros. Seus cocheiros continuavam do lado de fora, esperando o espetáculo acabar. Ao término, quando todos iam embora, o que sobrava na rua, onde os cavalos ficavam era o cocô deles, que ficaram por horas ali. Assim, quanto mais se tinha, maior o público e mais sucesso o espetáculo tinha feito. Pensei naquilo como um sinal de sorte. E, sendo ou não, a confiança que me deu, naquele momento, (depois do nervosismo), rendeu a vaga de emprego.
Tem também a história de um casal de primos que se conheceu quando bateu o carro um no do outro (não me perguntem se foi a mulher ou homem que bateu, que eu não sei responder). Tem a da filha que, com a mãe doente, foi levá-la ao médico e na recepção conheceu o marido, que também estava acompanhando a mama ao consultório. Tem a menina que foi ao bar pra conversar com a amiga sobre a triste história do fim de seu namoro e conheceu o noivo na mesa ao lado.
Estão aí situações e formas diferentes de se olhar para o mundo. Quando tudo parece estar errado, pode ser que, na verdade, esteja se encaminhando para o rumo certo. Por isso, vale a pena respirar fundo e, a cada vez que se perceber irritado com isso ou aquilo, lembrar que, pode ser só um mau momento, mas pode também ser o melhor dia para a grande mudança da sua vida.
____________________________________________________________________________________________________________
Camila Linberger é relações públicas, sócia-diretora da Get News Comunicação, agência de comunicação corporativa e assessoria de imprensa sediada em São Paulo. © 2013.