
Foto: Reprodução
No inicio dos anos de 1930, o Brasil vivia a Era Vargas, e em meio a um surto de lepra o governo opta pela segregação compulsória dos doentes e suas famílias. Especificamente o Estado de São Paulo, organiza um tripé profilático baseado em: Asilos-colônia para os doentes, os dispensários onde eram realizados exames períodos de todos aqueles que se suspeitasse algum sintoma da Hanseníase e os Preventórios destinados aos filhos saudáveis de pais hansênicos. Essas Instituições tinham como principio o afastamento do individuo da sociedade considerada sadia, dessa forma segregou doentes e também todos aqueles que possuíam parentescos com os doentes, mesmo sendo saudáveis.
Essas crianças saudáveis passam a ser internos das instituições preventoriais, e vistas através do estigma da doença, sendo apartados das relações sociais e familiares. Ao conhecer de perto essa história o grupo 4 NA RUA É 8, cria o espetáculo Má Pele, a partir de: depoimentos de ex-internos do Preventório, depoimentos pessoais dos atores, pesquisas históricas e provocações artísticas. Durante a criação desse espetáculo a questão da pele, onde a doença se manifesta, ficou muito latente. A identidade visual do projeto se dá a partir do conceito que a pele é formada por camadas, reverberando em nosso cenário e figurino. A dramaturgia acontece na sobreposição das camadas narrativas, construídas na junção dos depoimentos dos ex-internos do Preventório e depoimentos pessoais do atores, das músicas e também do uso de retroprojetores com projeções de imagens que são registros fotográficas da época e do prédio do antigo Preventório.
Cênicamente “Má Pele” é a narrativa da trajetória de 4 crianças, internas do Preventório, histórias distintas mas vivenciadas em um lugar onde todas são vistas como iguais, onde tentam extinguir a sua individualidade. Sentar-se junto a uma criança nos leva e experienciar um mundo absolutamente sem limites, sentar-se junto a uma pessoa que viveu uma infância preventorial onde a liberdade foi cerceada, nos transporta à uma infância completamente atípica e nos convida a refletir os efeitos dessa alienação parental Espetáculo desenvolvido através da Lei de Incentivo à Cultura do Município de Jacareí (LIC), com incentivo da empresa Schrader International , em processo colaborativo pelo grupo 4 NA RUA É 8, composto por Camila Florentino, Juliano Mazzuchini, Lucila Andreozzi e Miguel Ramos, juntamente com o Diretor Edgar Castro e o Diretor musical Marcio de Oliveira.
Local: Casa Livre Rua Pirineus, 107 – Barra Funda – São Paulo – SP
INGRESSOS: R$ 20,00 – INTEIRA R$ 10,00 – MEIA
Apresentações dias 06 e 07 de junho às 20 horas.