
E se…
Não há dúvidas. A vida (e às vezes a morte) é feita por escolhas. Boas ou ruins, precipitadas ou pensadas, impulsivas ou cheias de cautela. Um pé atrás é decisão; um à frente também. E não há como saber, de cara, como seria o outro lado da moeda, a outra oportunidade. O caminho vai sendo traçado de acordo com o que optamos, aceitamos ou achamos que temos que seguir.
E se por apenas mais um minuto ele desistisse daquela corda e voltasse para a cama para dormir? Talvez estivesse vivo, mas hoje seria um dia qualquer e não aqueles em que ele poderia chamar a atenção de desconhecidos, como ele mesmo dizia gostar; ou não.
E se os amigos que brigaram uma vez e nunca mais se falaram tivessem se dado a chance de uma segunda conversa? Poderiam estar juntos no almoço do próximo sábado; ou não.
E aquele emprego que você não tinha coragem de largar, mesmo cheio de possibilidades lá fora? Se tivesse tido a coragem de pedir demissão e arriscado, poderia estar mais feliz; ou não.
E quantos “e se” coleciona o coração… se, ao invés de tomar a decisão de ir embora antes da banda começar, o mocinho ficasse na balada e ficasse com a garota com quem conversou por horas? Poderia terminar em romance; ou não.
Faltou coragem de se declarar para a menina e perguntar se ela topava, mesmo diante de todas as dificuldades, ficar junto com ele. E faltou a coragem dela de propor o mesmo. Ficaram os dois a ver navios, alimentando-se de outras histórias enquanto o tempo passava.
Às vezes, surge o desejo de fazer diferente, ter uma vida diferente, morar em outro país, trocar de carro, fazer uma viagem, mas não se tem coragem para seguir por um caminho. O medo do não ou do erro, se transforma no “e se”. E “e se” entra para a coleção de escolhas, mas também de frustrações. De sonhos inacabados, de possibilidades, por vezes, inexistentes (no caso de morte), de realidades distantes.
Para o tempo e para a vida, infelizmente, não há retorno, mas enquanto ambos estiverem ao alcance, para todo o resto tem mais de uma opção. É necessário confiar no caminho que se escolhe para deixar de lado as dúvidas. Mas, se tiver, no meio dele, a certeza, lógica ou por intuição, de que o outro caminho era o melhor a seguir, proponho deixar o tal do “e se” prá trás e torná-lo o seu caminho principal.
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Camila Linberger é relações públicas, sócia-diretora da Get News Comunicação, agência de comunicação corporativa e assessoria de imprensa sediada em São Paulo. © 2014.