Esperanto

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E então alguém percebeu, pela língua dos anjos, a fala da humanidade. E a criança se calou, eternamente, deitada na areia, engolida pelas águas que separam continentes como as guerras separam os homens. E a notícia se alastrou por todos os povos. E a dor e a perplexidade tomaram conta do mundo naqueles dias, em uma só língua. E o garotinho estampou manchetes de jornais e posts nas redes sociais. E foi motivo de homenagens de artistas. E todos pensaram na dor que sentiram ao vê-lo.

Mas nada, nada mudou. O mundo continuou o mesmo. Outras crianças também estão estendidas neste momento por solos áridos ou lamosos, vítimas da guerra, da fome, da violência. E a perplexidade chama atenção, por horas, daquilo que não está no nosso radar, do que não está ao alcance dos olhos, enquanto nos atinge o coração. Enquanto outra foto, outra criança, nos chame novamente a atenção.

A roda gigante das barbáries humanas continua a girar. Não há trégua, grito ou silêncio pueril que a faça parar. Até quando?

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Camila Linberger é relações públicas, sócia-diretora da Get News Comunicação, agência de comunicação corporativa e assessoria de imprensa sediada em São Paulo. © 2014