Superar a preferência por produtos perfeitos pode resolver nossos problemas de nutrição.
Quarenta por cento de todos os alimentos não é consumido, e esta rejeição dos “alimentos feios” – o produto disforme ou imperfeito que é jogado fora antes de chegar ao supermercado – é um dos principais contribuintes para o desperdício de alimentos.

A maior parte desse lixo é produzida pelo consumidor: o alimento é rejeitado pelos clientes e mercados antes de chegar nas prateleiras, e é rejeitado nos restaurantes antes de servir nossas mesas.
Doug Rauch, o ex-presidente da Trader Joe, acha que tem a resposta. Ele abrirá uma loja em Boston, chamada Daily Table, que vai servir pratos com ingredientes não tão cheios de brilhos e torná-los atraentes.
A ideia é montar um híbrido de um supermercado e um restaurante, com produtos frescos que irão compor pratos com legumes, proteínas cozidas e arroz prontos para comer, exigindo apenas que se acrescente o molho e tempero.
O projeto de Doug começou na Universidade de Harvard em 2010, após o fim de seu mandato na Trader Joe e tentará reformular as normas sociais do que é fresco, desejável e comestível.
Um em cada seis norte-americanos, segundo a pesquisa de Doug, não consome os nutrientes necessários diariamente. “O que eles comem é calórico e nutricionalmente pobre”, diz Doug.
A ideia do Daily Table é criar uma atmosfera semelhante a um mercado de agricultores. “No mundo real, as cenouras, muitas vezes, são disformes, mas você nunca as vê no supermercado, porque quase sempre elas são jogadas fora”, diz Nathanael Johnson, escritor e autor do livro All Natural, um livro que discute quando o “natural” é realmente saudável.
“Nós nos tornamos tão alienados de nossas fazendas que já não podemos avaliar a salubridade dos nossos alimentos. Em vez disso, as pessoas procuram a perfeição externa “, conta Nathanael.
Assim, em curto prazo, a questão parece superficial: comida feia é tão boa quanto a que tem melhor aparência, e pesa menos no bolso. Em longo prazo, a preferência pelo feio pode reforçar o nosso abastecimento alimentar global.
“É possível que as pessoas sejam mais educadas e mais inteligentes sobre a escolha da comida?”, Doug pergunta. “A diferença entre o prazo de validade e a partir de quando a comida já não é comestível pode alimentar uma enorme população.”
© 2014, Newsweek.