
Agora o The São Paulo Times conta com uma coluna dedicada a poesias chamada “Poética Urbana”.
Ela será publicada toda sexta-feira. Para colaborar envie sua poesia para poesias@saopaulotimes.com.br.

Gabriela Abreu – Foto: Reprodução
SER
(Gabriela Abreu)
Não consigo entender
Se me chamam de ordinária
É ruim
Mas é exatamente o que quero ser
Aliás, é mais do que isso
Eu quero ser extra
Extraordinária!
—-
LUA
(Gabriela Abreu)
Ah, quantos perdem por não olhar para o céu
Uma moça veio bater na minha janela
Era bonita, mas poucos a viam
Vestida de branco, era engraçada
Às vezes era gorda
Às vezes era magra
Mas sempre sorria para mim
Algumas noites me levava pra sair
Outras soprava versos ao pé do meu ouvido
E estava sempre sorrindo, lindo
linda
nua
lua.
Ah, quantos perdem por não olhar para o céu.
—-
MARGARIDA
(Gabriela Abreu)
Bem me quer
Mal me quer
Bem se quer
Mal não quer
Bem me queira
Mal é besteira
Bem me quero
Mal não quero
Bem fico por aqui
Enquanto te espero
Mas não vou deixá-la partida
Que culpa tem a Margarida?
—-
SARITA
(Gabriela Abreu)
O mundo é tão grande, minha menina
E embora seja redondo, há tanta esquina
E embora com tanta esquina, há tanta volta
Há de haver tanto encontro pela vida
E coisas bonitas para serem vividas
E coisas tristes para tornar-te aguerrida
Flores sempre curam feridas
Rosa no cabelo
Boca de vermelho
Gira pelo mundo
Não chore, minha menina
Não se sinta tão vazia
Lágrima de cigana
Vira bonita poesia
—-
AS ÁGUAS
(Gabriela Abreu)
Maré mansa
Mar é bravo
Maré leve
No mar me salvo
Rio de água doce
Cachoeira limp’alma
Pelas correntezas eu vou
E sempre acho o que me acalma
Sou filha das águas
Sou doce e salgada
Te trago e te levo
No fundo e no raso
Sou leve e te lavo
Sou forte e derrubo
Sou funda e sou rasa
Sou claro e escuro
Mar calmo clareia
As ideias nas cabeças
Cabeças que mamãe criou
E Olorum abençoou
Mas não mexe comigo
Mar bravo é um perigo
Levo pro fundo
Afasto-te do mundo
Nas águas doces me lavo
Sinto-me linda e forte
É Oxum quem manda
Nas águas do Norte
Sou filha das águas
Sou fria e sou quente
Chorona e sorridente
Sou filha de quem manda
Na minha cabeça Iemanjá
Na minha frente Oxum
Filha de rainhas
Não é pra qualquer um
—-
PARA CLÁUDIA, COM CARINHO
(Gabriela Abreu)
E agora, quem vai comprar o pão?
Quem vai dizer que não?
Para quem vão dar a mão?
Você só foi à padaria
Comprar o pão de cada dia
Para alimentar oito bocas
Que queriam comida
E hoje só te querem de volta
Mas hoje são mais que oito
Entre tantas bocas, que gritam revolta
Eu nem te conhecia, Claudia
Nem sabia que você existia
Embora eu veja tantas Claudias
Dentro da periferia
Era fome de pão, Claudia?
Era fome de quê?
O que te alimentava?
Com o que você sonhava?
Quem queria ser?
Silva Ferreira saiu e se foi.
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Meu Caderno Azul – Foto: Reprodução
Gabriela Abreu, natural de Jacareí, interior de São Paulo, mudou-se para a capital em 2013 para estudar jornalismo na PUC-SP. Já no segundo ano de faculdade, entrou como estagiária na revista CLAUDIA, da Editora Abril, onde está até hoje. Agora quer lançar o seu primeiro livro de poesia, o Meu Caderno Azul, que já faz sucesso na internet há mais de um ano. O projeto é um crowdfunding, isso é, um financiamento coletivo, e está disponível no site PARTIO. Para conhecer mais sobre o livro e quiser ajudar clique aqui.
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Poética Urbana. © 2014.