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Halloween: Nem travessuras, nem gostosuras

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Halloween: Nem travessuras, nem gostosuras

O Halloween é uma festa religiosa (ponto!). Não interessa se você não faz com esse intuito, não crê ou coisas do gênero. O próprio nome e todos os simbolismos e fantasias são religiosos.

Dia 31 de outubro ou Dia das Bruxas, como ficou conhecido, é uma data comemorada por cada vez mais pessoas e, 98% delas nem sabe por quê. Participam por moda, porque é engraçado ou acham interessante usar fantasias macabras.

O fato é que é uma festa religiosa que, por motivos de colonização e imigração, se fundiu a outras religiões, fazendo um emaranhado de crenças disfarçado de cultura. Ora, ainda que cultura seja um termo amplo e totalmente cabível, não anula o sentido religioso.

Comemorado por boa parte dos países ocidentais, o Halloween foi levado por imigrantes irlandeses para os EUA, que se tornou seu maior expoente. Mas sua origem é uma celebração religiosa, pagã, dos povos celtas e tem mais de 2.500 anos. Para ser mais exato, é um dos oito sabás sagrados do paganismo.

O nome original era Samhain (Fim do verão) e também era o período de adoração ao deus “Samagin” (senhor da morte), que era invocado para o povo se consultar sobre o futuro. Eles acreditavam que nesse período (de 31 de outubro a 02 de novembro) a ligação entre o mundo físico e o mundo espiritual ficava mais frágil. Por essa separação ficar tênue, segundo eles, espíritos podiam tomar posse de humanos e se aproveitar para cometer atrocidades e destruição. Daí surgiram as máscaras e os objetos macabros espalhados pelas casas. De acordo com a crença, uma forma de acalmar esses espíritos era oferecer comida a eles, hábito que, mais tarde, inspirou mendigos a chantagear as pessoas, pedindo comida em troca de oração e depois se transformou no famoso “gostosuras ou travessuras” (tricks or treats), onde crianças e adolescentes se vestiam como espíritos e ameaçavam a vizinhança.

Os romanos, durante o Império, incorporaram o culto celta. A data se tornou “Dia das Bruxas” durante a Idade Média porque toda festividade pagã era chamada de bruxaria. Mas ainda que condenasse a comemoração, a Igreja Católica não conseguiu apagar a religiosidade pagã, então resolveu “cristianizar” a festa e chamou-a de noite do “Dia de Todos os Santos”, em inglês “All Hallows Even”, (assim como se comemora o Natal na meia-noite da véspera). Para a crença celta, seus ancestrais eram deuses, o que levou a igreja a comemorar, no dia 02 de novembro, o “Dia de Finados”, para celebrar seus ancestrais mortos também. Atitude extrema para tentar evangelizar os celtas e que acabou os induzindo a um erro grave, pois a Bíblia, base de toda a crença Cristã, recrimina claramente celebrações e culto aos mortos. (Mateus 22:32 | Isaias 8:19 | Marcos 12:27 | Eclesiastes 9:5). E foi do nome “All Hallows Even” que surgiu a abreviação Halloween.

E a educação?

Muitas escolas brasileiras vêm adotando a comemoração do Halloween nos últimos anos, o que é uma vergonha. Primeiro porque essa introdução da “cultura americana” é feita de forma aleatória e sem entendimento. Justamente na escola, onde se vai para aprender, implantam uma religião/cultura sem a menor preocupação do que está sendo ensinado. Uma sobreposição à nossa cultura.

Em segundo lugar, e na verdade o mais importante, o famoso “gostosuras ou travessuras” é um desvio de caráter. Que tipo de vivência moral estamos passando ao incentivar uma criança ou um jovem a chantagear? Talvez você não tenha levado tão a sério, mas em muitos lugares (e estamos falando de Brasil) as crianças de fato fazem “travessuras” ao não receber os doces. Há casos em que jogam ovos nas casas, pixam, furam pneus de carros, ofendem a vizinhança. Quais são os valores e os limites que estão sendo ensinados para essa turma que está na fase de formação do caráter?

Ok! E como fazer para nadar contra essa maré? A primeira coisa é a verdade. Repasse o conhecimento, divulgue. Tomar decisões e ter uma posição são atitudes importantes.

Depois, há várias formas de mudar esse cenário. No Chile, por exemplo, há famílias e instituições que substituem o Halloween por uma festa “do bem”, chamada de “Festa da Primavera”. Colégios e até o comércio tem adotado a mudança, pois perceberam que muitos pais não estavam concordando com a festa macabra e procuravam alternativas para seus filhos.

Não precisa necessariamente ser uma “Festa da Primavera”, mas você pode aproveitar o momento para ensinar o que há de errado e sugerir novas posturas. Que tal uma “Festa da Vida”? Em vez de pixar, furar pneus, jogar ovos, reúna seus amigos ou, no caso dos adultos, seus filhos ou alunos e pinte um muro, plante árvores, leve alegria a orfanatos, faça um mutirão para limpar sua rua… convide os vizinhos.

Promova a vida e o bem! Esses sim, são motivos para se comemorar.

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Claudia Giron Munck é Publicitária, Relações Públicas, especializada em Marketing e Mídias Digitais. Atua na área de Comunicação do Sesc SP e é Coordenadora Editorial da Revista Gente Nova.

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