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Internacionalização do Brasil: cenário e ação

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O recente desaquecimento dos mercados emergentes, a ameaça de consagração da Aliança do Pacífico, que inclui a formação de um bloco econômico e comercial entre México, Peru, Colômbia e Chile, assim como a conclusão de um acordo de comércio entre Estados Unidos e Europa, ameaçam empurrar o Brasil para o ostracismo comercial, o que poderia configurar uma situação calamitosa para o país.

Dentro desse contexto, a atual crise na Argentina causa tensão sobre a política internacional, pois a depreciação elevada de seu câmbio frente ao dólar deixa a indústria doméstica argentina vulnerável, o que pode paralisar a aproximação birregional entre Mercosul e União Europeia.

A conjuntura internacional, que há alguns anos tem impulsionado as exportações brasileiras – vide a elevação de exportações para mercados emergentes, como China e Índia– hoje parece não mais colaborar com nosso projeto de potência econômica. A baixa competitividade da indústria doméstica, assim como as recentes dificuldades encontradas no combate a inflação e manutenção de competitividade internacional, também contribuem para o enfraquecimento do país no cenário externo. Seria pessimismo demais dizer que as perspectivas para 2014 são péssimas, e otimismo demais dizer que as expectativas para este ano são boas.

A reação precisa ser imediata e medidas precisam ser tomadas em conjunto com diversas esferas do governo e do empresariado. É primordial alavancar acordos internacionais – seja por meio de uma retomada do Mercosul ou acordos bilaterais, com o intuito de diversificar fornecedores e compradores. Isto é, diversificar a pauta de produção. Para tanto, é necessário investir em diplomacia comercial e política internacional, agora não com o intuito de promover o país, mas com um foco mais pragmático no sentido de atrair parcerias economicamente viáveis.

Além disso, reformas estruturais no sistema fiscal e tributário – questões que há muito estrangulam a indústria doméstica – ainda estão em pauta e precisam de ação para se transformarem em resultados. Caso contrário, o país poderá continuar seguindo em direção a um reesfriamento de suas expectativas de desenvolvimento, apenas observando a recuperação dos países desenvolvidos e de seu isolamento comercial.

Planejamento deve ser a ordem do dia. Estabelecer diretrizes e prioridades de governo, e o mais importante, confeccionar um projeto fundamentado em nossas mazelas e virtudes, econômicas e políticas, que defina uma direção e um objetivo que queremos alcançar. Então, com o cenário doméstico preparado, buscar novos mercados e alcançar maior competitividade internacional se tornariam consequências naturais de um país bem estruturado, capaz de enfrentar os desafios da abertura dos mercados.

Por Luiz Renato Nais

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