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Saiu a tão esperada lista de Janot, como vem sendo chamado o documento com os nomes de todos os políticos citados nos pedidos de investigação feitos pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, relativos aos esquemas desvendados pela Operação Lava Jato. Ao todo, são 50 nomes a serem investigados, em 21 pedidos, que incluem alguns dos principais caciques da política nacional, como o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que já haviam sido mencionados nos últimos dias. Há membros de seis partidos na lista: PP, PT, PMDB, PSDB, SDD e PTB. O sigilo dos nomes vinha gerando altos níveis de tensão em todos os três poderes do País, mas o ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki, relator do caso, decidiu nesta sexta (6) pela divulgação definitiva da lista completa, além de autorizar a abertura de inquéritos e o arquivamento de seis processos, incluindo os que eram direcionados aos senadores Aécio Neves e Delcídio Amaral assim como ao ex-presidente da Câmara Henrique Alves e ao ex-deputado Alexandre dos Santos.
A lista de inquéritos a serem abertos inclui ainda o ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão, a ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney, e o senador Lindebergh Farias, somando 12 senadores, 22 deputados e 13 ex-deputados, além do ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antonio Palocci, do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e do operador Fernando Soares, o Baiano.
O alvoroço em torno da divulgação da lista tomou conta do Congresso Nacional nos últimos dias e esta sexta-feira foi marcada pela tensão. Poderes executivos, legislativo e judiciário, além de toda a imprensa nacional, passaram o dia inteiro com as atenções voltadas à questão.
Agora, os próximos passos serão os desdobramentos das investigações focadas nos parlamentares e a Polícia Federal já criou inclusive uma Força Tarefa para cuidar dos casos.
Os representantes dos partidos e dos poderes nacionais já travaram duros embates em função de toda a tensão, chegando ao ponto de o presidente do Senado questionar o Procurador-Geral da República por ter sido citado nos pedidos de investigação.
Renan Calheiros subiu o tom das críticas a Janot e chegou a acusa-lo de “atropelar” a legislação e não dar o direito de defesa aos parlamentares antes dos pedidos de investigação. O vice-presidente do Senado, Jorge Viana, também partiu para o ataque, e chamou de “vexame” o processo até agora, por conta de “vazamentos seletivos”. Cunha também fez declarações criticando o processo e disse que ninguém está imune a investigações, mas que irá provar sua inocência. O primeiro foi citado na delação do ex-diretor Paulo Roberto Costa, que o acusou de receber percentuais de contratos da Transpetro, na época comandada por Sergio Machado. Já Cunha foi acusado de receber valores relativos a contratos de sondas com a Samsung.
Outra movimentação que aconteceu ao longo do dia foi a atitude do ministro da Previdência, Carlos Gabas, que convocou os movimentos sindicais a se manifestarem contra o que chamou de “um ataque organizado de várias frentes contra a atividade da Petrobrás”.
DILMA E LULA
O pedido de abertura de inquérito contra a ex-ministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann trouxe ainda a confirmação de um depoimento que causou muita polêmica durante as últimas eleições presidenciais. Trata-se da afirmação, feita pelo doleiro Alberto Youssef, de que o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff sabiam do esquema na Petrobrás. O doleiro afirmou durante o processo de delação premiada que foi entregue R$ 1 milhão à campanha de Gleisi ao Senado, em 2010, e complementa dizendo que tanto a presidência da Petrobrás quanto o Palácio do Planalto tinham conhecimento dos repasses.
Ao ser questionado sobre quem no Palácio do Planalto sabia, Youssef respondeu que “tanto a Presidência da República, Casa Civil, ministro de Minas e Energia, tais como Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, Ideli Salvatti, Gleisi Hoffmann, Dilma Rousseff, Antônio Palocci, José Dirceu e Edison Lobão, entre outros relacionados”. Na véspera da eleição passada, a revista Veja divulgou parte desse depoimento, o que gerou embates acalorados entre os partidos que disputavam a campanha.