Os últimos dias têm sido os piores neste ano para aqueles que tentam cruzar o Mediterrâneo ilegalmente do norte da África para a Europa, alertou a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). Durante o último fim de semana, três embarcações naufragaram perto da costa líbia. Segundo a agência, só este ano 1.889 pessoas morreram, sendo que 1.600 pereceram desde o começo de junho.

O primeiro e maior acidente ocorreu na sexta-feira (22) quando um barco carregando 270 pessoas virou perto de Garibouli, na Líbia. Apenas 19 pessoas sobreviveram e a guarda costeira líbia conseguiu resgatar os corpos de 100 pessoas, incluindo cinco crianças menores de cinco anos e sete mulheres. Segundo o relato dos sobreviventes, o barco já tinha alcançado sua capacidade máxima, mas novas pessoas foram forçadas a subir a bordo no último minuto.
No sábado (23) a marinha italiana encontrou 18 cadáveres de imigrantes num barco salva-vidas e que estava à deriva na costa da ilha italiana de Lampedusa. Outras 73 conseguiram ser resgatadas, mas 10 continuam desaparecidos. Os sobreviventes eram, principalmente, do Mali, Costa do Marfim, Guiné e Sudão. No dia seguinte, um barco pesqueiro com 400 pessoas virou no norte da costa líbia devido ao mal tempo, mas graças a ações em conjunto da marinha italiana, a guarda costeira e um navio mercante, 364 conseguiram ser resgatadas.
O principal país de embarque para a Europa é a Líbia, onde a atual situação de violência favoreceu as operações de tráfico humano ilegais, bem como incentivaram a que refugiados e migrantes prefiram arriscar suas vidas ao mar a continuar em zonas de conflito. A porta-voz do ACNUR, Melissa Fleming pediu uma ação urgente e articulada da Europa, incluindo o fortalecimento de operações de busca e resgate no Mediterrâneo. Também salientou a necessidade de encontrar alternativas legais para regularizar aqueles que se arriscam ao mar, em sua maioria provenientes da Eritreia, Síria e Somália.