Mania de botão
Mania de botão
Dos anos 70 pra frente o botão sempre esteve presente nas nossas vidas.
Não o botão da roupa ou de flor, mas botão tecnológico.
Nos controles remotos, nos vídeo games, nas televisões, nas máquinas de lavar, nos carros, a gente foi criado cercado de botões pra facilitar a vida. Eles estavam em todos os lugares, nos bons e ruins, e até naquele botão que amedrontava o mundo na Guerra Fria e que podia destruir tudo se fosse apertado.
Acontece que isso deixou a gente mal acostumado. Quantas vezes a gente não olha pras coisas da vida e se pega procurando um botão que possa resolver a questão?
Um que você aperte e faça o almoço, discuta a relação, te coloque em forma, converse com o chefe, acabe com o trânsito.
E quando a gente descobre que ele não existe, bate aquela tristeza, aquele vazio de quem sabe que vai ter que resolver as coisas por si só.
A geração botão se cerca de aplicativos de incentivo, de livros de auto-ajuda, de fórmulas mágicas para alcançar o sucesso.
E depois, se cerca de anti-depressivos, calmantes e psicólogos, tentando, mais uma vez, resolver seus problemas com um simples apertar de botão. Ou de uma cartela de remédios.
A tecnologia criou um monte de gente dependente de solução rápida. Que não tem coragem de procurar na segunda página de pesquisa do google porque acha que o mundo lhe deve uma explicação já nos primeiros 3 resultados.
O que eu faço pra tentar evitar que a crise do botão chegue até mim? Tento evitar de apertá-los. Não tenho mídias sociais no celular, não uso smartphone pra tirar uma dúvida enquanto estou no bar com os amigos, não espero que as respostas cheguem até mim se que eu tenha que pensar em quais são elas.
Nem sempre dá certo. E às vezes eu me pego procurando um botão que me lembre de tudo isso. Mas pelo menos eu vou tentando depender menos de soluções prontas e encontrar as minhas soluções particulares.
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Diogo Mono. Redator publicitário, tenta ser escritor, será pai de família e continua sendo um observador das coisas do cotidiano. © 2014
