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Márcio Souza, imperador das letras

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claudia

Márcio Souza, imperador das letras

Estou relendo, depois de décadas, Galvez, Imperador do Acre, do amazonense Márcio Souza.

O livro foi lançado em 1976 e pensado originalmente para ser um roteiro de cinema. Por falta de recursos financeiros à época, o escritor teve que publicá-lo sob a forma de folhetim. Construída em microcapítulos, parecidas com cenas de um filme, a história do espanhol Luiz Galvez Rodrigues virava uma romance-piada.

Galvez é um espanhol aventureiro que cai no Norte brasileiro atrás de fortuna. Depara-se com uma classe dominante alienada e perdulária que se mantém à custa da exploração da borracha, cujo ciclo estava no auge durante a passagem do século 19 ao 20, época em que a história se passa.

O espanhol lidera uma expedição ao Acre, ainda território boliviano, onde consegue a independência daquelas terras e torna-se imperador. Começa um reinado hilário: Galvez tenta instaurar uma ditadura, mas acaba optando pelas benesses monárquicas. Cai e termina na lama.

Márcio Souza lançou mão de fatos e personagem históricos verdadeiros para dar mais realismo a Galvez, imperador do Acre. O próprio protagonista existiu, ainda que seus excessos na personalidade sejam apenas imaginação do autor.

Depois de 35 anos que li a obra continuo me deliciando com o incrível humor, herdado da inteligência de “Memórias Póstumas de Brás Cubas” e do modernismo de “Serafim Ponte Grande”.

Márcio Souza precisa urgentemente ser resgatado do silêncio em que anda. Ele é um dos melhores escritores contemporâneos brasileiros, um verdadeiro imperador das letras.

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Carlos Castelo. Escritor, letrista, redator de propaganda e um dos criadores do grupo de humor musical Língua de Trapo. © 2014.

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