Connect with us

Militares dos EUA buscam aumentar o QI

Published

on

Foto: Reprodução

Foto: Reprodução

Durante anos, e com muitas tentativas fracassadas, os pesquisadores têm procurado desenvolver maneiras de aumentar o QI do ser humano, por razões óbvias: os seres humanos mais inteligentes seriam mais felizes e mais produtivos.

Ninguém precisa de inteligência mais do que as forças armadas. É por isso que os norte-americanos e os serviços de inteligência estão trabalhando em uma impressionante pesquisa de cérebro que poderia, um dia, ser útil aos cidadãos civis. “A sofisticação das nossas armas e tecnologias de comunicação da Marinha e em outros lugares está crescendo dramaticamente”, diz Harold Hawkins, um psicólogo cognitivo e diretor de um programa no Escritório de Pesquisa Naval que estuda a formação do cérebro. “Vai ser um processo crítico as pessoas intelectualmente mais fortes lidarem com esses novos sistemas”.

O Exército, a Marinha e a Aeronáutica são fundos substanciais de financiamento de programas de investigação, mas um programa de 12 milhões de dólares aprovado em janeiro pelo Intelligence Advanced Research Projects Activity (IARPA) é um dos maiores. O projeto se chama SHARP – Strengthening Human Adaptive Reasoning and Problem-solving – (Fortalecimento Humano da Adaptação do Raciocínio e da Resolução de Problemas, em português).

O programa está estudando técnicas antigas a partir da meditação, uma dose baixa de estimulação elétrica do cérebro, com o objetivo para tornar analistas de inteligência bem mais inteligentes. Também haverá estudos em grande escala que mostrarão a promessa para o fortalecimento da “memória de trabalho” – a capacidade do pensamento crítico não apenas de se lembrar de fatos e números, mas conseguir manipulá-los. “Se essas intervenções estão realmente fazendo o que pensamos que estão, devemos ser capazes de demonstrá-las em um grande número de participantes, métricas fortes e uma bateria de testes no mundo real”, diz Adam Russell, um neurocientista e gerente do programa SHARP.

Outros programas financiados pelo Departamento de Defesa estão perseguindo objetivos semelhantes na Base da Força Aérea, em Ohio. Usando o equivalente a uma bateria de 9 volts para enviar eletricidade às regiões do cérebro selecionadas, algumas habilidades cognitivas apresentaram melhoras, incluindo a atenção e a memória, em até 200 por cento por até seis horas após o tratamento. “Os resultados foram bastante surpreendentes”, diz Andy McKinley, um engenheiro biomédico, e líder da equipe do programa. “Pode ser que um piloto precise de um tratamento pela manhã, e os efeitos durariam o resto de seu turno”.

O trabalho tem amplas implicações, tanto dentro quanto fora do âmbito militar. Crianças com dificuldades de aprendizagem, adolescentes na esperança de melhor pontuação em testes padronizados e adultos idosos na esperança de prevenir o declínio cognitivo são os potenciais beneficiários.

Alguns podem questionar as implicações éticas de soldados assistidos por um computador, mas McDowell vê os novos sistemas como simplesmente melhorar o que os computadores já fazem nos carros de hoje.

Estima-se que 300 mil militares foram afetados por lesões cerebrais, variando de leve a grave. Muitas dessas pessoas têm a memória prejudicada.

Alguns soldados já se beneficiaram com alguns dos novos tratamentos cognitivos. Em outubro de 2010, Jessie Kent Fletcher estava servindo como atirador da Marinha na província de Helmand, no Afeganistão, quando pisou em um explosivo improvisado perto do topo de uma colina. Depois de cair de costas, ele percebeu que havia perdido as duas pernas e alguns dedos. Entretanto, a perda de sua memória e concentração mental “foi a parte mais difícil da recuperação”, disse Fletcher à Newsweek. “Sem a sua mente, é realmente difícil continuar avançando. Minha atenção aos detalhes se perdeu. Eu fiquei perplexo”.

Após quatro meses de treinamento computadorizado do cérebro durante 2012 no Brain Fitness Center da Walter Reed Military Medical Center Nacional, Fletcher disse que suas habilidades cognitivas “melhoraram significativamente”. Agora casado, ele vive em Winston-Salem, Carolina do Norte, onde é aluno na Salem College. Durante o seu semestre de calouros no ano passado, ele tirou notas excelentes. “Eu não quero viver de aposentadoria pelo resto da minha vida”, diz Fletcher. “Quero ser um membro produtivo da sociedade”.

Apesar de tais depoimentos, um pequeno grupo de céticos acadêmicos parecem não ter fé em tais estudos, em parte por causa de erros técnicos que veem em algumas das pesquisas recentemente publicadas, e em parte porque a história das intervenções de angariação de QI foi marcada pela decepção.

“Houve uma grande quantidade de estudos publicados mostrando indícios de que a formação pode funcionar, mas invariavelmente encontramos alguma falha importante nos estudos”, diz o psicólogo da Universidade de Michigan Zachary Hambrick. “O diabo está nos detalhes”, finaliza.

© 2014, Newsweek

Continue Reading

Copyright © 2023 The São Paulo Times