Na selva de pedras, diamante
Na selva de pedras, diamante
Pelas ruas de São Paulo transitam milhões de passos. Mais que isso, milhões de histórias e pensamentos. De objetivos, sonhos, verdades e mentiras. Tem pra todo tipo: do nerd ao super pop, do punk ao certinho, dos bebês, que mal começaram a caminhar às velhinhas que mal caminham. Tem a menina sentada na calçada, com um certo tom poético, olhando para o nada, enquanto espera o ônibus. Lá, está na cara, também procura a resposta para o tal amor juvenil que a consome.
Também tinham a adolescente e o pai, ela chorando muito e ele, não consegui entender, se a repreendia ou simplesmente não sabia reagir ao que acontecia. Aí, no meio do Viaduto do Chá, passavam transeuntes ao lado de algumas ciganas, para as quais a maior parte olhava – entre eles, uma parte descrente, a outra desconfiada e a outra querendo respostas. Mas que respostas terão eles? Reais ou fantasiosas? Será que um dia voltarão ali para agradecer e dizer que era aquilo mesmo ou vão querer estapear a mulherada cheia de lenços e correntes pelo pescoço, sorriso amarelo dourado, do ouro do dente? Talvez alguns queiram seu dinheiro de volta, outros tentarão arrancar-lhe o tal dente!
E tem o casal apaixonado na frente do salão de beleza onde ela trabalha. A cabeleireira desce da moto dele, que diz que a buscará mais tarde, declarando o seu amor. E mil coisas acontecem até a hora de subir na garupa novamente.
Como os passos que a cidade recebe são cheios de cheiros, de visões, de sons… levam e trazem consigo, todos os dias, o caminhar de cada um – não só naquele momento, mas na sua história, nas escolhas que fazem. E assim passam por aqui e por ali tantos exemplos, tantas alegrias grandiosas, tantos sofrimentos menores ou maiores que os seus… e eles passam… como também passarão a sua dor e talvez até o seu sorriso.
Por isso é tão importante não desistir da caminhada. Um dia é de choro, mas o outro, certamente, é de riso. É preciso descer as montanhas para se chegar ao mar, que compunha lá de cima tamanha paisagem. É preciso manter o passo firme em busca do que se quer. É preciso acreditar e confiar na vida e nas esquinas que ela nos propõe passar. A vida nos surpreende tanto… uma vez é uma oportunidade de trabalho bacana, na outra uma viagem, um desconhecido que se tornará seu confidente, na outra, quem sabe, te apresente um grande amor. Um dia, talvez, sem se dar conta, você tropece numa pedra. E descubra nela um diamante.
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Camila Linberger é relações públicas, sócia-diretora da Get News Comunicação, agência de comunicação corporativa e assessoria de imprensa sediada em São Paulo. © 2014.
