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Nigéria: desenvolvimento econômico, política e oportunidade

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A Nigéria vem figurando nos índices de crescimento e debates acerca do desempenho dos mercados emergentes com alto potencial de investimento. Além da agenda de reformas no âmbito da gestão pública iniciada na última década e seus fartos recursos petrolíferos, a recente revisão do cálculo de seu Produto Interno Bruto alavancou o país à primeira posição no ranking que contabiliza a performance econômica dos países africanos. Em relação ao PIB, os nigerianos acabam de ultrapassar a África do Sul, maximizando sua visibilidade e credibilidade frente à comunidade internacional. Com a reformulação da contabilidade pública, o país alcançou US$ 509 bilhões de dólares na soma das riquezas produzidas em seu território.

Adicionalmente a esses fatores, a antiga colônia britânica também é conhecida como “o gigante da África”, por conta do tamanho de sua população – aproximadamente 174 milhões de habitantes. Nesse contexto, há também o aspecto da faixa etária, visto que parte considerável da população está no início de sua fase produtiva, elemento este que tem feito o país ser retratado como um dos MINT, sigla que designa mercados prósperos nos termos da força de trabalho, como México, Indonésia, Nigéria e Turquia.

Assim como o Brasil, o maior gargalo que interfere no desenvolvimento do país africano é sua parca infraestrutura logística, principalmente no que diz respeito às estradas, aos portos e aeroportos. A politização da religião, o extremismo religioso e as ameaças de tribos que desafiam a autoridade do Estado também agravam a situação social e política do país, legando insegurança aos locais e fazendo pesar para baixo a balança dos investimentos estrangeiros.

De acordo com o Banco Mundial, a Nigéria é o maior exportador de petróleo da África, e ainda possui a maior reserva de gás natural do continente. Mesmo que isso traga um alto poder de barganha ao país, sua estrutura econômica, da mesma forma como ocorre na Venezuela, torna-se a cada dia mais dependente desses recursos, fragilizando a pauta de produção com a falta de diversificação e, consequentemente, desiquilibrando a balança comercial com a necessidade de importação de diversas mercadorias essenciais.

A desigualdade social e a corrupção também aparecem como variáveis que degradam a percepção de risco do país. Mais além, o Estado nigeriano parece ser bastante vulnerável à prática de pagamentos de propina e à influência dos poderosos.

A depender do resultado das eleições presidenciais que ocorrem em fevereiro de 2015, o povo nigeriano pode ascender significativamente nas próximas décadas. Não apenas os dirigentes mas a população têm a incumbência de reduzir as tensões religiosas e tribais, no intuito de impedir fraudes e seguir rumo a consolidação de uma democracia sólida. Para tanto, é necessário preservar a reputação dos pleitos eleitorais evitando fraudes como as que ocorreram no último período eleitoral, e equilibrar as fragilidades econômicas e produtivas,  no intuito de garantir crescimento econômico visando a transformação das instituições públicas em versões mais inclusivas.

Ao passo que tudo isso consiste em um grande desafio para a Nigéria, esta também converge em uma oportunidade histórica de se deslocar de uma dura realidade de pouco desenvolvimento e grande desigualdade. Mais uma vez, a História mostra que a somatória do sentimentos popular e as trajetórias eleitas pelo povo também são formas determinantes na prosperidade de uma nação.

Por Luiz Renato Nais

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