Nós Amamos os Diferentes! Acampamento em Atibaia quer as crianças “fora da caixa”
Published
8 anos agoon
By

O que é mais comum do que ouvir de pais ou escolas que “as crianças estão difíceis”; que são exigentes demais ou que não ouvem ninguém? Mas o acampamento Adventure One, em Atibaia – SP, parece ir exatamente na contramão dessas queixas, escolhendo ter uma abordagem que busca lidar com as novas atitudes tão “fora da caixa” das crianças e adolescentes do século XXI.
Katia Alves é uma paranaense com um sotaque paulistano que mostra que foi criada em São Paulo; produziu programas de TV nas principais emissoras do pais; inclusive na TV Cultura por mais de 15 anos. Na Cultura, produziu de Inezita Barroso a Cocoricó, passando por Musikaos e o Fala Garoto!, o programa original de Serginho Groisman na TV (Serginho foi professor de Katia na FAAP). Depois, dirigiu eventos corporativos para grandes multinacionais no Brasil e mundo afora; seja na Disney, ou em Lisboa, Barcelona e Dubai. Mas seu novo projeto nada tem de televisivo ou corporativo: Katia juntou-se ao sobrinho de 22 anos para criar um acampamento para crianças e jovens de 6 a 16 anos, onde o que se destaca é a atenção para a nova realidade das crianças, especialmente aquelas que vivem nos grandes centros urbanos. A entrevista a seguir conta um pouco dessa (corajosa) proposta.
Repórter: Porque um acampamento, e de onde vem esse “amor ao diferente”?
Katia: olha, em primeiro lugar porque o acampamento consegue tirar a criança, ao menos por um tempo, da frente da TV, da rotina, das mil telinhas e joguinhos e mídias sociais, e faz isso de um jeito que interessa para a criança! Entende que é um absurdo querer que a criança não faça determinadas coisas, mas não dar a ela opções interessantes, que emocionem, que ela queira fazer realmente? Quando você mostra a ela essa possibilidade, passa a incluir isso no repertório de mundo que ela tem. Todo mundo diz que a criança precisa de contato com a natureza. Mas nenhuma criança quer simplesmente sentar num gramado e ficar contemplando o ambiente como se fosse um adulto cansado fugindo da cidade. Não é isso! Ela quer vivência, experiência, emoção, ela quer algo que agregue. Só que ela não sabe explicar isso desse modo. Então simplesmente ela diz “isso é chato”. Claro que é! Não foi pensado para o nível de energia que a criança tem! E se a criança sai da cidade para fazer programa de adulto cansado, é claro que vai achar chato e não vai querer voltar. Então o Adventure One é uma resposta desenvolvida para isso, para olhar para o que a criança de hoje precisa, de certo modo pensado a partir da vivência com meu filho, Enzo, e o meu enteado João Paulo. Já o amor ao diferente é uma coisa que eu sempre tive; mesmo. Acho que eu sempre olhei o mundo com essa visão que busca o diferente, o fora do comum. É também um aprendizado que trago do jornalismo e da TV, esse de buscar o “ponto fora da curva”. O fato é que o normalzinho, o comum, não atrai, não sobressai. Onde quer que pensem todos do mesmo modo, o resultado tende a ser morno e irrelevante.
Repórter: Mas o diferente dá muito mais trabalho, não?
Katia: O diferente é a matéria que importa, não? (risos). Onde está tudo igual, qual é a graça? Então não é exatamente importante se dá mais ou menos trabalho, mas é o trabalho que merece ser feito! Essa pasteurização de comportamento que se espera das crianças é uma coisa doentia. Aliás, doentia e preguiçosa, porque a criança prostrada no sofá com olhos de zumbi imersa no videogame não dá trabalho algum e pode ser esquecida por horas a fio. E para pais desesperados por uma pausa na vida, pode ser uma tentação irresistível. Então o que interessa é juntar as coisas: oferecer às crianças algo de diferente, personalizado e verdadeiro naquilo que elas buscam, e, se os pais tiverem uma certa esperteza, vão aproveitar essa folga para dormir 20 horas seguidas, acordar às duas da tarde; ou para fazer aquele passeio que não tem nenhuma graça para a criança, nem para o adulto fazer com crianças. Mas voltando à criança “diferente”, seja ela hiperativa, seja TDAH ou como decidirem rotular: ela é justamente a criança que não sucumbiu à pasteurização! É justamente aquela que tem os impulsos preservados e o potencial inteiro. Eles tem um potencial de liderança enorme, energia de sobra, disposição total, desde que você proponha a ela algo que a desafie e que a interesse.
Repórter: E o que seria isso?
Katia: antes de tudo, olhar para a criança como indivíduo e ter respeito por ela. Olhar no olho e buscar entender o que ela precisa. Estabelecer um diálogo, ao invés de um monólogo, que é o que os adultos fazem constantemente: “olha, meu filho: eu falo, você escuta e obedece.” Claro que há momentos em que isso é necessário; mas não dá pra ter só essa relação com um indivíduo e ainda querer que ele ache isso estimulante. Então, no Adventure One, a gente tem esse compromisso de olho no olho, de entender o que a criança quer, quem ela é, o que interessa, ouvir o que ela tem a dizer.
Repórter: Mas o que tem de tão diferente no seu acampamento?
Katia: Não é O QUE. É o COMO. A piscina é uma piscina; a trilha é uma trilha. Não é a coisa, é o uso que você faz dela. E o uso que a gente faz é absolutamente diferente, porque em tudo há essa atitude de entendimento. Qualquer um pode arrumar uma quadra e uma bola e dizer que está cuidando da criança. Ainda mais se tiver dinheiro para colocar cenografia ou um monte de brinquedos caros. Mas qual será a diferença na interação e na experiência? Nenhuma. Se a criança está largada lá, para se virar no meio de centenas de crianças, ela se diverte, mas no fundo está por conta própria e nisso não tem necessariamente nenhuma vivência nova, nenhum crescimento ou experiência realmente enriquecedora. Aí ela volta para casa e os pais perguntam “Como foi?” e ela diz “foi legal”. E…? E nada mais! É isso que está se perdendo nessa conversa: não foi nada além de “legal.”
Então, só para te dar um exemplo do “como”: qualquer um pode fazer uma fogueira. Mas a fogueira que nós fazemos no Adventure One é um momento de integração real, verdadeira. A gente usa técnicas de análise em grupo; experiência de treinamento e motivação de equipes e até práticas indígenas que tem milhares de anos; tudo isso para fazer com que todo mundo fale, participe; se coloque e tenha o seu tempo e a sua interação com o grupo. Mas isso exige conhecimento, entende? Isso vem de uma vida inteira lidando com pessoas, de consultoria de gente que conhece psicanálise; criatividade e motivação. Não vai ser pensado por um monitor de 19 anos que ainda não viveu. E obviamente não pode ser feito na correria com duzentas crianças ao mesmo tempo. Por isso nossos grupos são restritos, para que a gente possa interagir com cada um. E depois da temporada, possamos enviar para a casa de cada criança uma carta que ajuda os pais a entender aquele indivíduo e compartilha com os responsáveis pela criança a nossa visão dos desafios e inclinações que ela tem.
Repórter: Você fala dos monitores jovens, mas o seu sócio no Adventure One tem apenas 22 anos…
Katia: claro, mas ele é responsável pela energia necessária para as atividades, pela parte esportiva e física da coisa, porque as crianças tem uma energia que precisa ser utilizada, e bem utilizada. Claro que os monitores tem de ser jovens para acompanhar o pique. Mas é exatamente por isso que funciona de modo diferente: porque enquanto alguém está cuidando dessa parte com toda a energia de vinte e poucos anos, no nosso caso há outros profissionais cuidando do entendimento em profundidade, da análise da experiência. E certamente esses não tem a energia dos 22 anos para correr; mas têm a profundidade necessária para entender: no Adventure One temos a consultoria de um Coach que tem décadas de experiência com motivação, estímulo e criatividade; temos uma psicanalista e pedagoga que escreveu dezenas de livros adotados pelo MEC; temos uma nutricionista com formação na USP e que desenvolveu nutrição no Einstein. É exatamente essa soma que torna o resultado tão diferente.
Serviço
Adventure One Acampamento (www.adventureone.com.br)
Temporada Dia das Crianças, de 10 a 12 de Outubro, em Atibaia – SP
Saídas programadas a partir de São José dos Campos e São Paulo.
contato@adventureone.com.br
(11) 98177.1722 e (12) 98129-0213
Quanto: a partir de R$477,00 (Temporada Dia das Crianças, com todas as despesas incluídas
