Depois de décadas de experimentos, os cientistas da Marinha norte-americana acreditam ter resolvido um dos grandes desafios do mundo: como transformar a água do mar em combustível.
O desenvolvimento de um combustível de hidrocarboneto líquido pode, um dia, aliviar a dependência militar de combustíveis à base de petróleo e está sendo anunciado como um “divisor de águas”, pois permitiria que navios militares desenvolvessem seu próprio combustível e operassem em 100 por cento do tempo, em vez de ter que reabastecer.
O novo combustível deverá custar inicialmente em torno de 3 a 6 dólares por galão (cerca de quatro litros), de acordo com o Laboratório de Pesquisa Naval dos EUA.
Todas as 289 embarcações da Marinha dependem de combustível à base de petróleo, com exceção de alguns porta-aviões e 72 submarinos que contam com propulsão nuclear. Afastar essa dependência iria libertar os militares da escassez de combustível e as flutuações de preço.
“É um grande marco para nós. Estamos em tempos muito difíceis em que realmente temos que pensar em maneiras muito inovadoras de criarmos energia, como valorizá-la e de que modo consumi-la. Precisamos desafiar os resultados das suposições que são o resultado das últimas seis décadas de constante acesso a quantidades ilimitadas de combustível barato”, declara o vice-almirante da Marinha norte-americana, Philip Cullom.
A descoberta veio depois que os cientistas desenvolveram uma maneira de extrair o dióxido de carbono e gás hidrogênio a partir da água do mar. Os gases, então, transformaram-se em um combustível com a ajuda de conversores catalíticos.
“Nós, do serviço militar na Marinha, temos alguns desafios inusitados e diferentes”, diz Philip. “Nós não vamos necessariamente até um posto de gasolina para obter o nosso combustível. Nosso posto de gasolina vem a nós em termos de um lubrificador, um navio de reabastecimento. O desenvolvimento de uma tecnologia para mudar o jogo assim – a água do mar para abastecer – realmente é algo que reinventa a forma de fazer negócio quando você pensa em logística”, afirma Philip.
O próximo desafio da Marinha é produzir o combustível em quantidades industriais. Eles também farão parcerias com universidades para maximizar a quantidade de CO2 e de carbono que podem recuperar.
“Pela primeira vez fomos capazes de desenvolver uma tecnologia para obter CO2 e hidrogênio a partir da água do mar simultaneamente. Isso é um grande avanço”, diz Heather Willauer, um químico de pesquisa que passou quase uma década no projeto, acrescentando que o combustível “não se parece ou cheira muito diferente”.
“Nós demonstramos a viabilidade, queremos melhorar a eficiência do processo”, finaliza Heather.
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