
O atlas do seu corpo
Guiando-me pelo atlas do seu corpo, me vi dentro dos seus olhos. E resolvido a falar algo inaudível ao pé do seu ouvido, me desequilibrei, cai e acabei perdido dentro dos mil fios dos seus cabelos.
Escorreguei pela ponta do seu nariz (que de tão lindo parece mentira), contornei o contorno dos seus lábios e não me queixei de pousar na covinha charmosa do seu queixo.
Desci acariciando seu pescoço, não dei de ombros para os seus e rolei solitário braço abaixo – salpicado pelas sardas, mas aterrissando seguro em suas mãos.
Sem perder o rebolado, agarrei forte em sua cintura e só não me escondi no seu bolso com medo de ser colocado para lavar – ou, vá lá, acabar sendo doado para quem não quero se doar.
A proximidade do seu umbigo me deu um frio na barriga sem igual, mas aguentei firme e gritei lá dentro que te amo – fazendo ecoar minha paixão daqui até o alto das suas costas.
E mesmo com a minha eterna aversão à altura, não me contive: pulei lá de cima e me joguei aos seus pés.
__________________________________________________________________________________________________________
Henrique Rojas – mas pode chamar só de “Rôrras” – é redator, palmeirense, paulistano e um observador nato de pessoas. ©2014.