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O cinema brasileiro se rende a transmissão por internet

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O cinema brasileiro se rende a transmissão por internet

O Ministério da Cultura está preparando o lançamento de uma plataforma de vídeos por demanda para internet formado apenas por catálogo nacional. O projeto deve chegar aos computadores, tablets e smartphones em 2016.

Há muito sigilo sobre a proposta. Não se sabe se ela será totalmente estatal ou em parceira público-privada. Mas ao que sabe, a plataforma deverá incluir filmes que estão sob domínio público, aqueles que já possuem mais de 70 anos desde sua produção, com exibição gratuita e provavelmente estabelecer alguma forma de cobrança para aqueles que ainda estão protegidos por direitos autorais.

Equivocadamente, alguns veículos de comunicação que conheceram a proposta estão considerando a plataforma “uma reação ao Netflix” e já tem sido chamado, inclusive, de “Netflix nacional”. Não é a mesma coisa. Em comum, ambos tem a proposta de ofertar vídeos, por demanda, utilizando a tecnologia de streaming. Na verdade, o cinema brasileiro já tem uma experiência muito anterior a plataforma norte-americana e bem sucedida, o “Porta-Curtas” (http://portacurtas.org.br/), financiado pela Petrobrás. Este portal tem quase 240 mil usuários e mais de 14 milhões de exibições.

Esta também não seria a primeira experiência do Ministério da Cultura com difusão de materiais de domínio público. O site Domínio Público (http://www.dominiopublico.gov.br/) oferece, há anos, milhares de obras de acesso gratuito, desde toda produção de Machado de Assis à teses e dissertações que tenham sido financiadas pela CAPES e CNPQ, além de músicas e vídeos. Em outro momento, o Ministério havia aderido a política de incentivo as creative commons, licenças que flexibilizam alguns dos direitos autorais e permitem maior difusão ou recriação destas obras. Infelizmente, esta política foi barrada e suspensa nas trocas de gestores do órgão.

Portanto, se o projeto vingar, demonstra consonância com as tendências mais atuais da cultura, casando acesso e tecnologia. Demonstra preocupação em divulgar a produção cinematográfica, em tempos que os espaços de exibição são mais raros. Não concorre, nem enfrenta a Netflix, mas propõe um banco de filmes acessível ao destino de toda obra: o público.

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Miguel Stédile é zagueiro, gremista, historiador e dublê de jornalista. © 2014.

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