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O lado bom dos esteroides nos Jogos Olímpicos: ele existe?

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Em fevereiro de 2013, Lindsey Vonn rompeu o ligamento do joelho em um acidente nas montanhas da Áustria. Ela passou por uma grande cirurgia reparadora e, em seguida, entrou em um programa de reabilitação do joelho, mas finalmente optou por não participar dos Jogos Olímpicos de 2014 em Sochi, citando “instabilidade” na perna ferida.

Alguns se perguntavam se Vonn teria se recuperado de forma mais eficaz se tivesse tomado hormônio de crescimento humano e esteroides – elementos proibidos pelo Comitê Olímpico Internacional e pela Federação Internacional de Esqui. A investigação tem sugerido que esses remédios ajudam na cura de determinadas lesões.

Isso nos leva a uma questão intrigante: e se os fãs não se importarem se um jogador estiver usando drogas que melhoram o desempenho? De fato, talvez seja isso que eles queiram. Afinal, a saída de Vonn foi uma grande decepção para os fãs de esqui que esperavam vê-la defender sua medalha de ouro em 2010. Por que não permitir que Vonn tome hormônio de crescimento humano, ou o que ela precisa, a fim de se recuperar rapidamente?

Para muitos, a ideia de uma Olimpíada aprimorada é perturbadora e antiética, mas considere que todas estas tecnologias de aprimoramento existem, ou então outras versões já foram utilizadas. E às vezes de maneira exagerada em esportes de elite.

Há dois anos, nos Jogos Olímpicos de Londres, Oscar Pistorius competiu no atletismo usando suas pernas artificiais. E a história do doping de Lance Armstrong é muito familiar. No ano passado, ele admitiu ter conseguido, ilegalmente, sete vitórias no Tour de France, quando estava em uma dieta constante de esteroides e eritropoietina, um hormônio que bombeia as células vermelhas do sangue ricas em oxigênio e dá uma vantagem na resistência.

A grande diferença entre estes dois atletas é que o Pistorius usou sua tecnologia de melhoramento de forma legal, enquanto que Armstrong não optou por uma solução saudável. Mas essa é uma linha que em breve pode começar a se confundir à media que as tecnologias desenvolvidas para aumentar a resistência do esportista lesionado continuem a trazer novidades.

A maioria dos argumentos a favor de uma regulamentação para melhorar o desempenho de drogas e outras formas de valorização tem a ver com segurança. O website da Agência Mundial Anti -Doping (WADA), por exemplo, adverte que os esteroides aumentam as chances de mudanças de humor, redução da contagens de esperma, danos ao coração e masculinização nas mulheres. E a instituição Substance Abuse and Mental Health Services Administration declara que mais de 1 milhão de adultos norte-americanos confessaram usar esteroides anabolizantes.

Esse é o paradoxo de desportos: Os órgãos de governo proíbem substâncias dopantes em nome da segurança, o tempo todo, sabendo que uma das atrações de eventos como o esqui alpino é o perigo inerente,  pois os atletas em exposição procuram tornar-se os maiores, mais rápidos, mais fortes e mais ousados. A briga entre tecno-atletas e grupos como a WADA – que usam técnicas de detecção cada vez mais sofisticadas – resultou em uma “corrida armamentista”, diz o bioeticista Thomas Murray, o ex- presidente do Centro Hastings. Cada lado funciona com e contra a outra.

Claro, o outro argumento que esses órgãos fazem na proibição da melhoria é uma questão de justiça. Não seria certo que alguns atletas obtivessem uma vantagem, enquanto outros jogassem sem algum recurso extra.

Mas e se as regras forem alteradas para permitir melhorias em determinados jogos e competições esportivas? Não é muito difícil imaginar um futuro com dois Jogos Olímpicos paralelos: Um reforçado e outro de maneira natural. A verdadeira questão é que, se houvesse dois tipos de jogos, qual versão teria um público maior?

© 2014, Newsweek

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