
O que todo paulistano deveria saber…
Um amigo postou no meu Facebook: “Quer deixar um paulistano irado, obstrua a passagem em uma escada rolante”. No dia seguinte, descobri que existem outras boas maneiras de deixar um paulistano bem irado.
Gripada, em uma fase de muito trabalho, acordei atrasada. Peguei o trem no último minuto possível para chegar no horário. E é claro, que justamente nesse dia o trem estava operando com velocidade reduzida. Desci na estação de destino e tinha uma lotação pronta pra sair. Maravilha! Me enfiei apertada no último degrau e cheguei na porta do prédio rapidinho. Ufa! Faltam três minutos, dá tempo. No elevador, o pessoal para obstruindo a porta, até achar o botão do andar que deseja descer e meu pézinho começava a bater no chão, como se contasse os segundos. O outro rapaz segura a porta esperando até o último dos moicanos que ainda estava láááááá fora, sem a menor pressa. Quando todos os bichos entraram na Arca de Noé, o elevador resolveu emperrar a porta. Saí correndo e troquei de elevador… espera todo mundo entrar de novo. Mas o último indivíduo, que depois descobri que também seria o último a descer, ficou bem na porta, com a mala atrapalhando o fechamento em todos os andares que o elevador parava (eram 14). Olhei pra baixo, meu relógio marcava 9:00 em ponto! E o meu desespero dizia: “Vai bater o ponto atrasada de novo, mesmo chegando no horário”. E a ira começou a tomar conta pra amargar e apressar todo o resto do meu dia.
Mas me lembrei que um dia desses estava lendo a história das irmãs Marta e Maria. Marta era dedicada, porém sempre muito afobada com os afazeres. Maria, naquele momento, apenas aproveitava a oportunidade e contemplava Jesus. Isso me fez pensar: quantas vezes deixo de aproveitar momentos raros ou sublimes, porque estou apressada?
No caminho, passou uma revoada de maritacas, verdinhas, brincando, mas eu precisava bater o cartão. Alguns colegas estavam indo à padaria, rindo, conversando.. e eu passei por eles correndo e dei apenas um tchau, de longe, sem falar ao menos bom dia, porque eu precisava bater o cartão. Uma amiga querida de trabalho estava se aposentando e não dava para tomar um café com ela, porque tinha muito trabalho e achava que não dava para perder um minuto.
E quantas outras vezes deixamos de aproveitar até mesmo a presença de Deus, porque estamos muito cansados ou ocupados? Quantas vezes levantei sem nem agradecer pelo dia? Saber que estava ansiosa me fez doer o coração.
De que adiantou o stress no caminho ou no elevador? Os minutos que perder ou atrasar no trabalho posso sair um pouco mais tarde e compensar. Mas as pessoas, as horas e os momentos que perder da vida, esses não tem compensação. Eles são únicos.
Agora, a cada situação paro e penso: “Estou sendo Marta ou Maria?”.
“E respondendo Jesus, disse-lhe: Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária; E Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada.” (Lucas 10:38-42 – https://www.bibliaonline.com.br/acf/lc/10)
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Claudia Giron Munck é Publicitária, Relações Públicas, especializada em Marketing e Mídias Digitais. Atua na área de Comunicação do Sesc SP e é Coordenadora Editorial da Revista Gente Nova.