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Quando no ano passado o FBI desmantelou o mercado negro online Silk Road, os investigadores depararam-se acidentalmente com um jogo de Whack-A-Mole de apostas elevadas. A supressão do notório mercado de drogas criou um vácuo para aspirantes a ciber-criminosos, no novo site chamado “Agora”, que já ultrapassou o Silk Road em termos de listagens. “Agora” começou em 2013 e está acessível a usuários que se camuflam, usando o navegador anônimo Tor. Os seus clientes podem comprar ou vender qualquer número de artigos ilícitos – drogas, armas, serviços ilegais (apesar de o site ter “regras de mercado” que proíbem venenos, pornografia infantil, imagens macabras, “armas de destruição em massa” e “assassinatos ou outros serviços que consistam em lesar terceiros”) – usando bitcoin como moeda.
Já existem mais de 16.000 listagens no Agora, de acordo com o novo relatório da Digital Citizens Alliance, um grupo de investigação criminal dos EUA. Esta popularidade é suficiente para fazer do Agora um mercado negro mais popular que o Silk Road 2.0, que nasceu e cresceu após o FBI ter desmantelado o original e ter prendido o seu fundador, Ross Ulbricht, em outubro do ano passado.
Estatísticas incluídas no Digital Citizens Alliance revelam que fechar o Silk Road abriu espaço para a existência de outros sites na Deep Web (parte da internet que não pode ser achada por buscadores como o Google), aquela área da internet apenas acessível utilizando o browser Tor. Entre 29 de janeiro de 2014 e 22 de agosto de 2014, o número de listagens de drogas nas dezenas de sites da Deep Web, passou de 32.029 para 46.906. No mesmo período, o número total de listagens passou de 41.207 para 65.595.
Esta procura é refletida numa pesquisa global sobre drogas que examinou a atividade entre novembro e dezembro de 2013. Os investigadores inquiriram 80.000 pessoas de todo o mundo, concluindo que 22% dos inquiridos já tinham comprado drogas online, e quase metade desses tinha feito isso pela primeira vez.
Não é difícil adivinhar porque é que, mesmo com a crescente procura de drogas online, os clientes estão abandonando a Silk Road. Dread Pirate Roberts, a identidade online do fundador, pediu aos usuários publicarem longos depoimentos, apelando ao sensível sentimento de revolta, comum entre os utilizadores da Deep Web. “Escreva uma história com cada item que compra aqui”, bradou uma mensagem na página inicial da Silk Road. “Silk Road não é um mercado. Silk Road é uma revolução global. A ideia da liberdade é imortal”.
A ideia de liberdade acabou escondendo muitos assassinos profissionais e pedófilos atrás de imagens e vídeos que o FBI fechou o mercado. Desde então, o site sofreu ataques de hackers, levando os seus usuários reclamarem por bitcoins roubados.
Como o Silk Road, que obteve o seu nome das antigas rotas comerciais da Ásia, o Agora obtém também a sua identidade através da história. “Agora” refere-se a um local central de encontros no centro das cidades-estado gregas, onde prosperava a vida artística, espiritual e política.
A revista Wired notou que Agora está ganhando a fidelidade dos seus usuários se mantendo discreto. Os utilizadores apenas podem entrar no site por “códigos-convite”, o que passa a impressão de que as autoridades não estão dentro do site. Curiosamente, a capacidade de o FBI conseguir acesso a estes códigos e corromper o software Tor não parece ser de grande preocupação nos fóruns, onde o Agora é comparado com o seu antecessor.
“Agora parece destinado a ultrapassar o Silk Road 2.0 como o maior mercado da Deep Web, com base no número de drogas listadas” explica no relatório Adam Benson, diretor de comunicações da Digital Citizens Alliance. “Tal como no resto da Internet, os usuários da Deep Web são muito rápidos e mudam para novas coisas se afastando daqueles produtos e sites que parecem obsoletos e antigos. Talvez tenha chegado o fim do Silk Road”
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