
Agora o The São Paulo Times conta com uma coluna dedicada à poesias chamada “Poética Urbana”.
Ela será publicada toda sexta-feira. Para colaborar envie sua poesia para poesias@saopaulotimes.com.br.
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(Akira Yamasaki)
estava no fundo
do poço escuro
e não queria sair
algumas pessoas
foram me buscar
pelas mãos
nunca esqueço
a luz devolvida
aos meus olhos
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semáforo (5)
(Akira Yamasaki)
foi mau demais ver você
no farol pedindo moedas
esfregando pára-brisas
foi muito triste ver você
como um trapo imundo
incomodando a manhã
foi talvez melhor assim
desviar os olhos e fingir
que não me conhecia
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(Akira Yamasaki)
eu não me queria mais
quando você me salvou
do útero morno da dor
porque esse medo agora
se eu não me queria mais
quando você me quis?
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(Akira Yamasaki)
filha, eu não quero
que você caia e se machuque
que arranhe joelhos e mãos
mas sei que agora é hora
de você aprender a andar
de skate ou de patins
filha, eu sinto muito
se você chorar de decepção
com o mundo e as pessoas
mas este é o seu momento
e não posso impedir você
de aprender a voar sozinha
então vá agora, filha
oh, meigo pássaro sonhador
e se atire no infinito azul
com suas asas de utopias
mas antes prometa voltar
se precisar de mim um dia
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afeto meia boca
(Akira Yamasaki)
já morreu tarde
o seu afeto de segunda
afeto meia boca
dissimulado e traiçoeiro
moeda de troca brilhante
mas de escasso valor
morreu tarde mesmo
espero que apodreça
no sol gelado do deus dará
o cadáver desse afeto
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você
(Akira Yamasaki)
meus olhos
estão cegos
da sua luz
meus ouvidos
só tem antenas
para sua voz
minha boca
suplica muda
por suas mudas
de estações
minhas narinas
seguem seus cheiros
como dois cãezinhos
meus tênis
ficaram furados
dos seus caminhos
meu coração
está completo
de você
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Poética Urbana. © 2014.