
Agora o The São Paulo Times conta com uma coluna dedicada à poesias chamada “Poética Urbana”.
Ela será publicada toda sexta-feira. Para colaborar envie sua poesia para poesias@thesptimes.com.br.

Marcelo Leandro Ribeiro
Ela corre
(Marcelo Leandro Ribeiro)
Ela corre do nada
As ruas se calam
A vida se inclina
Rotina quebrada
Ela corre pro nada
Ela diz que sim
E fica calada
O rosto suado
As mãos congeladas
o dia que passa
enquanto disfarça
a timidez que perpassa
seus sonhos infantis
Do nada responde
Sim, e se esconde
Entre as mãos que
Lhe tapam a boca
E o nariz, ela respira
Apaixonada, aceitando
Ser fada, amada
Casando-se feliz
Com quem lhe faz
Correr e sorrir
Ao coração que te deseja
(Marcelo Leandro Ribeiro)
Escolhe do jardim que te ofereço
A rosa que te apeteça ao peito
De pétala enquanto a tenho,
Lembrança quando partir-se
Em espinho cravado ao centro
do coração que te deseja
Marcelo Leandro Ribeiro é escritor, poeta e letrista. Engenheiro nas horas vagas e palestrante nas noites pagas.
—

Zélia Guardiano
Fraqueza
(Zélia Guardiano)
Do tamanho
De um grão
De mostarda:
Quase que nada
E
Ainda assim
Absolutamente
Inviável
Olho a montanha
A montanha encara-me
E ficamos
(Ad aeternum)
As duas
Olhos nos olhos
Perplexas
Nenhuma palavra de ordem
(Sequer de súplica)
Nenhuma palavra
FURTA-COR
(Zélia Guardiano)
Tafetá furta-cor
Flor de papel de seda
E parafina
Moringa de porcelana
Lhama estampada
Na folhinha
Cortina de gaze palha
Ave de papel maché
Almofada de astracã
Biombo em laca
Cinza
Entreaberta a janela
Um raio fraco de sol:
O dia agoniza
Enciclopédia
(Zélia Guardiano)
Esconjuro
O conjunto
De todos
Os conhecimentos
Do mundo:
A mim me basta
O tri-i tri- tri
Da triste-pia
No pé de jaca
(Acaba
De chegar
Do Canadá:
Nem desfez a mala)
Zélia Guardiano nasceu no dia 14 de dezembro de 1944, em Ourinhos – SP. Formada em Pedagogia, trabalhou por mais de trinta anos em Educação. Desde que encerrou a carreira no magistério, tem se dedicado às artes plásticas e à escrita.