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Por dentro dos casos de suicídio entre os veteranos dos EUA

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Um informante do governo que sofreu retaliação de sua agência tem sido justificado pela admissão do Departamento de Assuntos de Veteranos (VA – Veteran Affairs, em inglês) que declara não ter conseguido alcançar dois mil veteranos em um estudo no qual os soldados declaravam ter ideias suicidas, muitos dos quais cometeram suicídio mais tarde.

Esta admissão da agência, que não havia sido previamente divulgada, resultou de uma investigação do Congresso sobre as denúncias do Dr. Steven Coughlin, ex- epidemiologista do Escritório de Saúde Pública do Departamento de Assuntos de Veteranos, o qual divulgou que a VA era culpada de lapsos éticos chocantes.

Coughlin realizou pesquisas com os veteranos da Guerra do Golfo (1991), bem como os veteranos da Operation Enduring Freedom – no Afeganistão, e também disse que o VA mascarava os fatos sobre o impacto das exposições tóxicas em tropas no Iraque e no Afeganistão e as causas da doença da Guerra do Golfo.

O Departamento VA perdeu os resultados do estudo relacionados aos familiares de veteranos da Guerra do Golfo Pérsico. Os exames mostravam se as doenças como lesões cerebrais foram passadas de pais veteranos para filhos devido à exposição de uma toxina durante a guerra.

O VA não acompanhou alguns veteranos que admitiram ter ideias suicidas – e que mais tarde se suicidaram – durante um estudo de veteranos da Guerra do Golfo.

“Agora que o VA tem justificado algumas das alegações mais preocupantes do Dr. Coughlin, é incumbência dos líderes de departamento detalhar as medidas que estão tomando para segurar as partes responsáveis e garantir a proteção aos denunciantes futuros”, disse o deputado Miller.

“Quem foi responsabilizado por não acompanhar os veteranos que cometeram suicídio? O que aconteceu com o pessoal do VA que retaliaram contra o Dr. Coughlin? O que VA está fazendo para promover uma cultura de tolerância aos funcionários que têm a coragem de falar contra os problemas, apesar da oposição hostil dos colegas de trabalho e gestores? Os veteranos dos EUA, os contribuintes norte-americanos e mais de 300 mil funcionários da VA merecem respostas a estas perguntas o quanto antes”.

O VA não iria responder a quaisquer perguntas específicas sobre as acusações de Coughlin.

Dr. Coughlin, que deixou seu posto no VA, em dezembro de 2012, nunca foi informado sobre a validação do VA de seus encargos. Ele só soube disso quando foi contactado pelo IBTimes, e disse que estava “muito surpreso” com a resposta da agência.

“Estas são admissões muito graves por parte do VA”, disse Coughlin. “Eu levei uma surra tentando o meu melhor ao olhar para os interesses dos veteranos norte-americanos. Espero que as admissões do VA sejam um sinal de que a situação está melhorando. Preocupante mesmo são os direitos e o bem estar dos participantes vulneráveis da pesquisa, como as pessoas com depressão grave ou pensamentos suicidas. Meus pensamentos vão para os veteranos”.

Coughlin disse que está prestando atenção ao que acontece a seguir no VA. O cientista de 56 anos de idade nunca se sentiu confortável sendo o centro das atenções.

“Eu tenho um grande trabalho agora na University of Tennessee College of Medicine, em Memphis”, disse Coughlin. Seu trabalho é como pesquisador sênior do Centro de Pesquisa sobre Desigualdade de Saúde, Equidade e da Exposome – uma medida dos efeitos das exposições ambientais na saúde ao longo da vida -, além de professor do Department of Preventive Medicine.

“O foco do centro é sobre as disparidades de saúde entre negros e brancos pronunciadas em Memphis”, explicou  “Mulheres afro-americanas em Memphis têm um risco duas vezes maior de morrer de câncer de mama”.

Além de sentir-se satisfeito em seu novo trabalho, Coughlin disse que mantém o ânimo quando se lembra do dia que saiu VA e relatou suas queixas publicamente, o que lhe rendeu muitas mensagens de apoio de veteranos.

“Já ouvi falar de centenas de veteranos que entraram em contato comigo para me agradecer por me levantar em nome deles e dizer a verdade”, disse Coughlin. “Meu pai era da Marinha dos EUA e eu tenho um sobrinho que da Marinha que estava no Iraque e no Afeganistão”.

Enquanto o Congresso debate como proceder após as admissões do Departamento VA, as quais forram uma consequência direta da denúncia de Coughlin, o cientista declara: “Foi muito difícil fazer o que eu fiz. Mas eu não me arrependo”.

© 2014, IBTimes

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