
Gaza sob ataque. Foto: UNICEF
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, anunciou neste sábado (19) que vai viajar para o Oriente Médio neste fim de semana para “expressar solidariedade com os israelenses e palestinos” e para ajudá-los, em coordenação com parceiros regionais e internacionais.
O chefe da ONU vai negociar um cessar-fogo para o conflito que já deixou mais de 300 mortos em Gaza, incluindo mais de 70 crianças palestinas.
Segundo um comunicado divulgado pelas Nações Unidas, Ban vai dar início a sua viagem oficial no domingo (20), em Doha, no Catar.
De lá, ele vai viajar para a Cidade do Kuwait, Cairo, Jerusalém, Ramallah e Amã “em seu esforço para encorajar um cessar-fogo duradouro”. A organização informou ainda que Ban Ki-moon poderá visitar outras cidades. A viagem durará toda a semana.
Subsecretário-geral da ONU participa de reunião no Conselho de Segurança
Em uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre os últimos desenvolvimentos, o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Políticos, Jeffrey Feltman, disse que o secretário-geral está “preparado para fazer a sua parte” para ajudar as partes a acabar com a violência e “encontrar um caminho a seguir”.
Enquanto Israel tem “preocupações legítimas de segurança”, disse Feltman, as Nações Unidas estão “alarmadas pela resposta pesada de Israel”. Segundo ele, o “secretário-geral está extremamente preocupado que essa escalada possa aumentar ainda mais o número de mortos já terrível entre os civis de Gaza”.
Em um comunicado divulgado por seu porta-voz na quinta-feira (17), o secretário-geral pediu o fim imediato do “disparo indiscriminado de foguetes pelo Hamas contra Israel e a ação de retaliação israelense”.
Ele pediu às partes que façam o possível para proteger os civis, bem como instalações e funcionários da ONU, e para garantir que a ajuda humanitária continue a chegar a todos os necessitados.
Feltman acrescentou que o secretário-geral tem estado “em contato o tempo todo com os líderes mundiais” para facilitar a ação coletiva para acabar com a violência. Ele ficou “alarmado” quando os combates recomeçaram após a “pausa humanitária” desta semana. A pausa temporária no conflito havia aumentado as esperanças de um cessar-fogo de longo prazo a ser mediado pelo governo do Egito.
O presidente palestino Mahmoud Abbas se reuniu também na quinta-feira (17) com o presidente egípcio Abdel Fattah el-Sisi, no Cairo, e ambos teriam concordado com a necessidade de um cessar-fogo imediato e a urgência de se realizar uma conferência de doadores para iniciar a reconstrução da Faixa de Gaza, disse Feltman.
Ban Ki-moon está atualmente analisando um pedido feito por Abbas que colocaria a Palestina sob um sistema de proteção internacional administrado pela ONU. Em sua declaração ao Conselho de Segurança, Feltman reiterou a importância de abordar as causas da escalada atual, com um apoio para uma solução política duradoura que estabilize Gaza.
Segundo ele, isto inclui o fim do contrabando de armas, a abertura total da região e o retorno de Gaza a uma administração sob um legítimo governo palestino vinculado aos compromissos da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), bem como o pagamento a dezenas de milhares de empregados que trabalham em Gaza desde 2007 sem salário.
Ele também destacou a importância de recentrar os esforços no sentido de uma solução de dois Estados como o único caminho viável para acabar com o conflito de décadas no Oriente Médio.
O impacto da situação em Gaza também está sendo sentida no Líbano, onde a Força Interina das Nações Unidas (UNIFIL), em coordenação com as Forças Armadas libanesas, intensificou as patrulhas na área, como resultado de foguetes lançados contra Israel. As forças israelenses retaliaram todos os cinco lançamentos.
A desestabilização nas Colinas de Golã é também um grande perigo, Feltman acrescentou, com trocas de tiros relatados entre as Forças Armadas sírias e membros armados da oposição. Além disso, o conflito representa um perigo para a região da Cisjordânia, onde partidários de ambos os lados se enfrentaram. “Nosso apelo permanece para as lideranças israelense e palestina para aliviar as tensões e agir com responsabilidade”, ressaltou Feltman.