Alongamento de dívidas em tempos de crise
São diversos os fatores que podem levar uma empresa a alongar suas dívidas e, para cada uma delas há uma forma correta para tal decisão. Porém vamos expor aqui dois casos típicos e que nos servem de exemplo.
No primeiro cenário vamos imaginar que a empresa tenha vislumbrado uma possível expansão e com isso adquiriu dívidas para sua reestruturação. Esse crescimento não aconteceu e dessa forma a companhia assumiu compromissos mensais acima da capacidade de seu bolso. Porém, a empresa é saudável, geradora de caixa, mas não na quantidade necessária para as projeções indicadas.
Nesse caso, o que seria melhor? A companhia precisa se reunir com as instituições que lhe concederam crédito e propor um alongamento desse perfil de dívida e contratos atuais.
Para que isso realmente traga benefícios para a empresa – onde lá na frente ela não precise pedir mais um alongamento, essa decisão deve ser muito bem planejada.
Mas como?
Para exemplificar, a empresa deve recalcular sua capacidade de pagamento mensal, de quanto realmente irá conseguir cumprir com alguma folga, sem sufoco ou comprometimento acima do esperado. Assim consegue-se saber o ‘tamanho do bolso’ da empresa e propor aos Bancos um pagamento ponderado em relação ao que representa o endividamento. Por exemplo, se um Banco XY representa 18% das dívidas na empresa, ele deverá receber uma proposta desses 18% em cima da capacidade de pagamento projetada, alongando por quantos meses forem necessários e não como uma ‘sugestão’ do gerente.
Isso evita que o Banco faça uma proposta de 24 parcelas, enquanto outro sugira 36. Quando isso acontece é fatal que lá na frente a empresa fique ‘apertada’ novamente.
Frisando que nesse caso a empresa é financeiramente saudável, somente o endividamento estava muito curto para sua capacidade de pagamento. Nesse momento vale também a pena tentar negociar para reduzir a taxa de juros, oferecendo uma garantia ao Banco, como um imóvel – se for o caso.
O segundo cenário é mais complexo. A empresa já está em uma situação economicamente inviável, gerando prejuízos e vê no alongamento de dívida uma de suas alternativas. Porém, somente o alongamento pode não ser suficiente.
Muitas vezes ele só ‘empurra’ o problema com a barriga. Se a companhia está gerando prejuízos contínuos, o certo seria propor aos Bancos credores um alongamento, porém com um período de carência inicial. Assim a empresa terá tempo para se reestruturar operacionalmente, voltar a gerar caixa e conseguir capacidade financeira para cumprir seus compromissos.
É possível fazer isso de forma amigável com os Bancos, que já conhecem esse procedimento e também é fundamentado por novas projeções da empresa.
Em casos mais extremos, onde além do alongamento a empresa já está negativada em sistemas de proteção ao crédito, está sem capital de giro e sem limites de crédito com fornecedores, o indicado é a Recuperação Judicial, onde a companhia ganhará um prazo para se replanejar e voltar a pagar seus credores conforme proposta apresentada.
Para toda e qualquer decisão que envolva a saúde financeira de sua empresa ou novas decisões para retomada de fôlego, procure sempre um especialista, alguém com conhecimento e experiência em diagnosticar as melhores decisões para a saúde financeira de sua empresa. Ele pode indicar o ‘caminho das pedras’. Os próprios Bancos ficam mais confortáveis em conceder seus pedidos quando sabem que a empresa está sendo assessorada.
Por Douglas Duek