“Das virtudes do teu corpo
Do assombro em tê-la pele
Tela que chama descoberta
Em mãos e boca no perder-se
Em horas
Das formas o contorno, da carne
O gosto, a explosão aos lábios
De tudo o que é memória
O mais presente é a tua voz
Ei-la, sussurrar da natureza humana
Vento de fada sem asas – ou roupas-
Canto de sereia, ei-la;
A voz, o chamar de tua boca
Som, do universo
o cio”
Marcelo Adifa
“Não tenho de forte as formas
Que se esperam, tenho na luta
Travada agrura um cotidiano
E no não desistir me entrego
Se tenho de forte e algo quero
É manter o equilíbrio do sorriso
Pouco aberto, não medido – firme
Sem exageros
para não servir às moscas
Nem fechado que não possa entrar
Da natureza um sopro”
Marcelo Adifa
“Seria mais fácil dizer eu te amo
Encerrar em seu corpo o descanso
Eu em ti – e de tua companhia
norte preciso
De carne são feitas as paixões
Amor é além, se for só desejo
Se acaba ao amanhecer dos dias
Sendo amor a carne é mera vestimenta
Despi-la não se faz necessário, é algo
Pele apenas, que não importa – está lá
Vale a fagulha que acesa indica
não faz sentido viver sem você”
Marcelo Adifa
” O passar de lábios sobre o rosto
Contornando o queixo e as formas
Pinçando à boca um sorriso e dele
O nascer, momento que não acabe
mas como tudo que se inicia
há de ter fim
Que seja em outro beijo
Que o primeiro se desprenda
e queira
Ser como o desejo
Que sempre volta
E a cada vez, num novo beijo
É meu mundo, átimo – segundo
Que se faz imensidão”
Marcelo Adifa