Embora a maioria dos africanos, especialmente em áreas rurais, não tenha acesso às redes 4G ou smartphones, as assinaturas de celulares dispararam. Os pesquisadores patrocinados pela empresa farmacêutica suíça Novartis AG divulgaram um estudo neste ano analisando a eficácia do uso de telefones celulares para ajudar médicos no acompanhamento e tratamento da malária.
Há mais assinantes de telefonia celular na África do que telefones fixos hoje. Isso levou a uma rápida inovação. Os pagamentos móveis, o acesso a redes sociais e até mesmo as pesquisas de emprego já não necessitam de um computador ou de um smartphone.
Os resultados do estudo mostraram uma forma criativa de superar problemas logísticos que impedem os trabalhadores de saúde de manter os estoques de medicamentos e controlar a propagação de doenças.
O estudo, publicado no Jornal Malária, chamado de “Uso de mensagens de texto de telefone móvel para vigilância da malária na zona rural do Quênia”, mostrou que a comunicação com mensagens de texto pode ser uma forma eficaz de compartilhar dados críticos.
“O estudo demonstrou a viabilidade do uso de mensagens de texto por meio de telefones celulares simples para transmitir os dados de vigilância em tempo hábil entre as unidades de saúde periféricas”, segundo o relatório.
Os pesquisadores escolheram cinco distritos no Quênia, com a incidência de malária variada e cobertura de rede celular. Os membros designados de cada equipe de gestão de saúde do distrito foram ensinados a informar dados – via SMS – como o número de pacientes com malária, quantos foram tratados ou a quantidade de medicamento deixada no estoque.
A pesquisa foi realizada como parte do projeto Novartis chamado SMS for Life, que “usa uma combinação de telefones celulares, mensagens SMS, internet e tecnologia de mapeamento eletrônico para controlar os níveis de estoque semanais nas unidades de saúde pública”.
“Em muitos países africanos, os problemas da cadeia de suprimentos dificultam o acesso a medicamentos contra a malária”, afirma a página de informações, que cita os métodos de relatórios inconsistentes e baixo acesso aos dados como os principais obstáculos para o tratamento adequado da malária.
Os resultados do estudo mostram claramente que os telefones celulares podem acelerar o acesso aos dados. Mas, apesar dos níveis de resposta serem altos, mais da metade dos dados comunicados estavam incorretos, principalmente devido ao erro de contagem dos casos da doença.
Os pesquisadores suspeitam que os profissionais de saúde treinados, que geralmente são escassos, estavam distribuindo o trabalho para os funcionários de menor escalão, enquanto eles lidavam com assuntos mais urgentes.
No entanto, os resultados ainda mostram que um sistema de comunicação baseado em SMS poderia fornecer benefícios significativos, e até mesmo salvar vidas.
“Estes resultados mostram a evidência crescente da simplicidade de utilização dos celulares para transmitir os dados de vigilância da malária em tempo real, tanto para as unidades de saúde periféricas do distrito e também aos gerentes de nível nacional, com taxas de resposta mais altas e intervalos mais curtos do que costumam ser hoje”, diz o relatório.
“Como essa adoção em massa da tecnologia continua a ganhar impulso, ela está causando uma mudança fundamental que vai além de apenas conectar pessoas; ela proporciona uma das maiores redes de baixo custo de sensores que já vimos, o qual tem o potencial para transformar completamente a saúde global”, declara Seth Berkley, médico e epidemiologista do MIT Technology Review.
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