
Foto: Reprodução
Após 16 anos de profissão e mais de dez anos de pesquisa sobre temperamento, o neurocientista e pesquisador Diogo Lara traz em seu mais novo livro, Temperamento e Humor, um modelo inédito de avaliação do temperamento emocional e afetivo: a AFECTS (Affective and Emotional Composite Temperament Scale), uma escala autoaplicável, que pode ser realizada por qualquer pessoa. Nacionalmente conhecido por sua última obra, Temperamento forte e bipolaridade, que bateu recordes de venda no País, Lara agora conta como essa ferramenta foi criada e evoluiu. Serão três lançamentos: em São Paulo, no dia 23 de março; Rio de Janeiro, 24 de março; e Porto Alegre, 30 de março. Todos os lançamentos acontecem na Livraria Cultura, que terá, neste primeiro momento, a venda exclusiva do livro, por R$34,00 (trinta e quatro reais).
O AFECTS, também chamado de “teste do temperamento”, leva a dois tipos de resultados. O primeiro corresponde ao tipo afetivo, um padrão geral do humor e do comportamento. São 12 tipos e a maioria dos indivíduos teria, segundo Lara, apenas um predominante. O segundo resultado leva aos traços emocionais, sendo oito no total: vontade, maturidade, medo, sensibilidade emocional, impulsividade, ansiedade, raiva e controle. Com base nestas respostas, qualquer um — tanto o indivíduo, como o profissional que o avalia — consegue chegar a uma boa referência de como é a pessoa, como ela tende a se comportar e a reagir.
“Conhecer esses padrões nos leva a uma leitura rápida das pessoas. É um referencial que ajuda também a identificar claramente os pontos fortes e fracos de cada um”, comenta o neurocientista, que é também diretor da primeira e inovadora plataforma online de autoconhecimento, o www.codigodamente.com.
Para o especialista, a principal descoberta sobre o temperamento que o livro traz é que a mente pode ser entendida como um sistema integrado. Para ele, as “partes” da mente não operam sem influenciar as outras, e nada que acontece é capaz de afetar somente uma dessas partes.
“A vontade, raiva e impulsividade têm a função de ‘ativar’ a mente e o comportamento; medo, ansiedade e sensibilidade têm a ver com ‘inibir’ a mente e o comportamento; e o controle (atenção/dever) e a maturidade exercem a função de regular a mente e comportamento”, explica.
O médico defende, ainda, que os estudos mostram como a mente se “desregula” como um todo em situações de estresse, como traumas na infância, seja em casa ou com bullying na escola. Em casos como estes, todos os traços emocionais pioram, apenas com algumas diferenças de intensidade. Outro benefício da definição destes padrões é que o tipo de temperamento ajuda a identificar o melhor medicamento para os transtornos psiquiátricos. Uma pessoa com depressão, por exemplo, e com um temperamento mais introvertido, responde melhor a antidepressivos clássicos, enquanto outra pessoa com depressão e um temperamento instável responde melhor a alguns remédios estabilizadores de humor, que têm efeitos antidepressivos, mas não são denominados assim.
Por enquanto, esse novo modelo tem sido considerado um dos mais coerentes e completos da atualidade, com utilidade clínica e uma escala bastante simples, curta e útil para ajudar na avaliação das pessoas. No Congresso Americano de Psiquiatria de 2014 o autor foi convidado a apresentar seu modelo e também contribuiu com um capítulo em um livro sobre personalidade borderline recém-lançado nos Estados Unidos. No entanto, ele enfatiza que Temperamento e Humor é um livro para um público interessado nas áreas de comportamento, psicologia e psiquiatria, sendo profissionais da área ou não.
Para Diogo, a fórmula é simples. O temperamento é a base do humor, e também a configuração emocional de cada indivíduo. O humor, por sua vez, tem padrões de variação (mais estável ou oscilante) e de tipo (mais negativo ou positivo), sendo bastante influenciado pelo meio. Portanto, o que define a resposta de cada indivíduo ao meio é justamente o temperamento.