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Mesmo incomum, a malformação uterina causa infertilidade e pode ser resolvida através de método cirúrgico pouco invasivo .
Os casos de aborto em mulheres com útero septado chegam a 60% e os partos prematuros correspondem a 33% das pacientes com o problema. Essa é uma malformação uterina caracterizada por uma “parede” que divide a cavidade do órgão e limita o espaço para o crescimento do embrião, e que, portanto, traz com uma de suas consequências a infertilidade.
“Aproximadamente 2% das mulheres podem desenvolver essa morfologia incomum do órgão reprodutor quando ainda estão em formação no útero materno”, observa a Dra. Karla Zacharias, médica especialista em reprodução assistida do Grupo Huntington. De acordo com ela, os ductos de Müller, que são canais que durante a divisão embrionária dão origem ao sistema reprodutor feminino, podem não se dividir da maneira adequada e causar, assim, essa alteração que provoca dificuldades para engravidar no início da vida reprodutiva da mulher.
Por essa razão, quando há a recorrência de abortos no histórico de uma paciente, recomenda-se a realização de exames como ultrassonografia transvaginal, ressonância nuclear magnética, histeroscopia e laparoscopia, que podem identificar a presença do problema. “O útero septado está entre as malformações müllerianas que englobam outras morfologias incomuns do órgão como útero unicorno, bicorno, e didelfo, também responsáveis por falhas nas tentativas de gravidez”, explica a médica.
A especialista ainda aponta que a diferença entre o útero septado e as demais alterações müllerianas é que ele pode ser corrigido através da metroplastia (ou septoplastia), uma intervenção cirúrgica realizada através de histeroscopia: um procedimento fácil e rápido que dispensa a necessidade de uma intervenção cirúrgica pelo abdome. Dessa forma, é possível diminuir a incidência de abortos em até 5,9% dos casos e elevar as chances de dar à luz sem, maiores complicações, em até 80% deles.
Ainda que diagnosticada com essas alterações no útero, é de grande importância que a mulher realizar mais exames que possam avaliar outros fatores que possam determinar um quadro de infertilidade. “Quando o útero septado é diagnosticado por um médico especialista em reprodução humana, a paciente poderá passar por outras formas de avaliação, que envolverão as próprias capacidades reprodutivas e as de seu parceiro, ser for o caso. Uma vez conhecidas as causas aparentes do motivo pelo qual não se consegue engravidar, o médico deverá orientar a paciente sobre as opções para solucionar o problema e após isso recomendar as técnicas adequadas para poder ter filhos”, explica.