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Você está pronto para rever o que acha que é pesquisa em medicina?

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Paulo

Você está pronto para rever o que acha que é pesquisa em medicina?

Na semana passada, a UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo – sediou e promoveu, em sua reputadíssima Escola Paulista de Medicina, o 4o Seminário Internacional de Medicina Tradicional e Práticas Contemplativas. O evento, organizado em conjunto com a Associação Palas Athena, trouxe palestrantes de várias origense linhas de pesquisa; e promoveu debates que uniram cientistas, biólogos, médicos, especialistas em reiki e outras técnicas energéticas, monges meditadores, lideres indígenas e lideranças ligadas à espiritualidade. Está surpreso? Pois não devia. É a 4a edição deste Simpósio, apresentado por uma Universidade Federal no mais importante estado em termos de pesquisa médico-científica no país. É difícil imaginar algo mais “oficial” do que o caráter deste evento. E isso diz muita coisa em termos do avanço científico no nosso país. Porque à parte o estado revoltante em quem se encontra o atendimento em saúde pública, que é indiscutível e nem sequer vamos reforçar um aspectotão óbvio ; a medicina de ponta e a pesquisa científica na área, no Brasil, não é de hoje que tem alto nível e é respeitada no mundo todo. Nas áreas de cirurgia plástica, cardiologia e várias outras, temos centros de referencia mundial. Toda essa introdução é para deixar muito claro que estamos falando de excelência em pesquisa. De seriedade e alto padrão científico, do tipo que tem artigos publicados na Science, uma das duas revistas científicas mais relevantes do planeta. Pretendo escrever alguns artigos sobre trabalhos apresentados nesse Simpósio, assim como entrevistas que realizei com os participantes, cobrindo o evento para o The São Paulo Times. Mas neste momento, o que quero compartilhar com os leitores é uma primeira visão geral de alguns pontos de grande destaque.

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O Simpósio teve cinco eixos temáticos: 1) Medicina popular brasileira; 2) A Medicina tibetana em doenças crônicas; 3) Temas intrigantes em saúde e espiritualidade; 4) Práticas contemplativas e sociedade e 5) Pesquisas em medicinas tradicionais e práticas contemplativas.

Práticas Contemplativas

O grande destaque do evento foram talvez as práticas contemplativas: os benefícios absolutamente comprovados, por metodologias científicas, da meditação e do Yoga foram temas de estudos apresentados pela Profa. Dra. Elisa H. Kozasa (Hospital Israelita Albert Einstein e Universidade Federal de São Paulo); Profa. Dra. Carolina B.  Menezes- Universidade Federal de Pelotas; Geshe Lobsang Tenzin Negi (Emory University- Estados Unidos) e Profa. Dra. Susan Andrews- Instituto Visão Futuro, entre outros.

O assunto era tão quente, e os números e comprovações tão claras e evidentes, que deixei o evento imaginando apenas “quando” haverá a inclusão dessas práticas nas recomendações básicas em termos até de saúde pública. Porque, mesmo para quem não tenha o menor interesse espiritual em aprender a meditar, os efeitos são claríssimos. O efeito sobre o controle da pressão arterial, o efeito no aumento da qualidade e da capacidade de atenção; o efeitoDSC_0738 sobre a redução dos sintomas de doenças como fibromialgia. E não é necessário sequer que o paciente tenha o mínimo conhecimento sobre como a coisa funciona. Aliás, quando é que o paciente tem? Acaso alguém entende algo do mecanismo de funcionamento do medicamento para controle da pressão arterial antes de tomá-lo? Não, toma porque o médico recomendou; com base em pesquisas e artigos publicados e validados pela comunidade científica internacional, exatamente a mesma comunidade científica, trabalhando sobre artigos publicados exatamente nas mesmas revistas. Ou seja, o paciente não sabe como o medicamento funciona, e também pode não saber como a meditação funciona. Mais importante é: funciona. E com uma vantagem enorme: os estudos que convenceram a comunidade médica de que tal medicamento era seguro; em 99% dos casos, foram financiados por uma empresa que vai ganhar milhões vendendo o medicamento. Quem financiou os estudos sobre meditação e yoga? As próprias instituições de pesquisa e universidades; a pedido dos próprios pesquisadores. Sem o interesse e financiamento de alguém que vai ganhar milhões com o resultado da pesquisa. Entende como fica muito mais simples que o resultado seja, de fato, honesto e desinteressado?

Exatamente o mesmo cenário é verdade para as pesquisas conduzidas pelo pesquisador Ricardo Monezi, que tratam dos efeitos comprovados do Reiki e de outras técnicas, uma pesquisa viabilizada pela USP e que obteve tamanha repercussão ano passado que foi feito todo um programa do Globo Repórter sobre os achados da tese.

Um momento digno de destaque e muita atenção: o auditório tinha mais de 300 pessoas em todas as sessões. Profissionais de saúde; principalmente brasileiros, mas também de outros países. Pesquisadores, médicos, psicólogos. Dra. Elisa H. Kozasa perguntou, logo no início da sua apresentação, quantos ali praticavam meditação regularmente. Mais da metade do auditório levantou as mãos. Arriscaria dizer, talvez dois terços. Então, pergunto: você tem alguma dúvida de que essas pessoas sabem o que faz bem à saúde delas mesmas? Porque elas não estão simplesmente dizendo: “vá fazer isso”. Elas estão fazendo isso. Elas incluíram nas suas rotinas a meditação como forma de viver melhor e cuidar da saúde.

Temas Intrigantes em saúde e espiritualidade

Talvez o mais ousado eixo temático do simpósio, com destaque para as apresentações dos estudos de Ricardo Monezi e do Dr. Júlio Pérez, realizado na Pennsylvania University. Dr. Pérez convidou médiuns para participar de uma pesquisa utilizando técnicas de neuroimagem funcional. Isto quer dizer, uma técnica que observa o cérebro trabalhando. Ela existe há tempos, e vem mapeando onde cada processo do cérebro acontece. Assim, por exemplo, quando você escreve, existem áreas específicas do seu cérebro que estão envolvidas na atividade. Áreas responsáveis pelo pensamento criativo, pelo planejamento do que está sendo escrito. Essas áreas estão claramente identificadas e catalogadas, assim como outras atividades cerebrais. Então, toda vez que alguém escreve, há uma série de sinais cerebrais que estão sempre presentes; não é uma questão de escolha ou opinião; é aquela parte do cérebro que se

Lia Diskin Ricardo Monezi Susan Andrews

 “acende” quando você está fazendo uma determinada atividade. Foram analisados os processos cerebrais de vários médiuns, enquanto eles simplesmente escreviam,normalmente. E depois, esses mesmos médiuns tiveram seus processos mentais observados durante o transe mediúnico, realizando psicografia; que é aquele processo que  Chico Xavier realizou a vida toda (aliás, um parêntese: o Dr. Júlio teve de exibir alguns filmes para explicar, nos Estados Unidos, quem foi Chico Xavier). Voltando à pesquisa, você imagina quais foram os resultados? As áreas do cérebro que são responsáveis pela escrita não estavam atuando. Aquelas que o médium teria de usar, se estivesse ele mesmo criando o texto… não estavam trabalhando. Durante o transe, todas aquelas pessoas estavam escrevendo, mas tecnicamente, o cérebro delas não estava sendo usado do modo que se sabe que seria, quando alguém escreve. Seja lá qual for a explicação que você queira dar para o isso; o fato permanece: eles estavam escrevendo, sem usar as áreas do cérebro que são ativadas pelo ato de escrever. Tem mais um detalhe: a complexidade dos textos produzidos deste modo era maior do que a dos textos escritos fora do estado de transe. Essa pesquisa ainda não tem uma aplicação específica no sentido de cuidar da saúde de alguém; mas é naturalmente muito importante para entendermos como funcionam alguns mecanismos com os quais convivemos há muito tempo, e que até agora não haviam sido explorados. O artigo original do Dr. Júlio Pérez foi publicado por uma das mais conceituadas revistas do mundo sobre psicologia clínica. No mês de publicação, bateu recordes de downloads, realizados pelos mais importantes profissionais de psicologia clínica do mundo. É muito relevante perceber que os pesquisadores, a Pennsylvania University, A UNIFESP, as centenas de profissionais que acompanharam o simpósio e tantos outros, com você, que lê este artigo, hoje sabe que, de fato, existe algo que é um transe mediúnico, e que o Cérebro nesse estado faz coisas que não pode fazer normalmente. O próximo estudo vai pesquisar a atuação dos médiuns de cura através da neuroimagem, e o Dr. Pérez já está selecionando médiuns voluntários para o estudo.

O mais importante aspecto do simpósio, talvez seja que estes são, hoje, estudos e fatos científicos, que mudam o modo como compreendemos o que somos. No velho mundo, muitas pessoas se acostumaram a achar corriqueiro ou normal desdenhar de certas práticas simplesmente porque elas não cabiam nas suas explicações “racionais” ou porque não havia uma comprovação científica. É um Novo Mundo este em que vivemos, no qual essa atitude, pode, com toda propriedade e racionalidade, ser considerada um comportamento que não é nada além de… ignorância.

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Paulo Ferreira é escritor, coach e consultor em desenvolvimento organizacional do bem estar humano; conselheiro e representante do Nikola Tesla Institute em SP. © 2014.

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