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XI, MARQUINHO

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XI, MARQUINHO

Se existe um fenômeno mais avassalador que o Facebook, esse fenômeno é a quantidade de besteira que é postada no Facebook. Eu gosto da página do Mark (e uso muito para testar e divulgar meus textos), mas a única coisa chata é que até quem não tem nada a dizer se sente na obrigação de falar algo mesmo assim.

Ler a timeline do Facebook, às vezes, é tão empolgante quanto ler uma bula de remédio. Principalmente aos fins de semana, quando se multiplicam as postagens de sabedoria barata. É incrível o tanto de gente com receitinhas mágicas, ensinando como eu devo viver a minha vida. Amigo: se você sabe como deixar o mundo melhor, ponha essa idéia em prática, não num post de Facebook.

E o que mais tem nas redes sociais é mala. Eu diria que hoje o Facebook tem mais chato que virilha de prostituta barata. Por exemplo: tem o mala que vive mandando solicitações de joguinhos e aplicativos. Para eles, eu também tenho uma solicitação especial: vão todos para a PQP.

Marcar pessoas que você mal conhece em suas publicações, só para divulgá-las, mostra que você é mala. E o fato de você falar antes que sabe que é chato e coisa e tal não faz de você menos mala.

Tem também o mala engajado. Eu gosto de discussões políticas, mas o mala engajado está mais preocupado em ter razão do que ter soluções. Seja de direita ou de esquerda, esse tipinho entra em seu perfil e te agride com a fúria de alguém que está segurando a diarréia há horas. E geralmente o resultado de suas palavras também é o mesmo: um grande cocô mole e disforme.

Uma variação do mala engajado é o mala politicamente correto. Você não pode escrever um post com a palavra preto, que ele já te chama de racista. Mesmo que você esteja se referindo apenas a um lápis de cor. Aliás, será que chamar o lápis como “de cor” pode dar processo por racismo? Numa boa, com tanta gente melindrada na internet, poderíamos trocar o www por mimimi.

O Facebook também criou o mala-fofo. É aquele sujeito que posta a foto de um deficiente, com o seguinte texto: “Quantas curtidas esse guerreiro merece?”. Juro que me dá vontade de pegar a foto do perfil da pessoa e postar com um textinho parecido: “Quantos tapas na orelha esse babaca merece?”.

Falando em foto, o Facebook (e sua filial Instagram) deram espaço para os selfies se reproduzirem mais que coelho com Viagra na ração. E como a pessoa tem que esticar o braço, fazer pose e acertar o enquadramento, a maioria dos selfies sai com cara de merda. É tanto selfie feio, que estou pensando em lançar uma empresa apenas para retocar selfies no computador. Vai se chamar Selfie Service.

E quem nunca trombou com o mala que vive postando fotos do Chapolin Colorado com uma frase marota? Vamos deixar uma coisa clara: Chapolin é engraçado. Mas colocar a foto dele junto de uma piada ruim não vai melhorar a qualidade dela, ok?

Por essas e outras, eu acho que o Facebook poderia bloquear certos tipos de posts. Eles já fazem isso, aliás. Outro dia bloquearam um post de uma página de humor minha. Era a foto de uma piroca com um lençolzinho de fantasma por cima. Sei lá, mas tô achando que o Mark Zuckerberg não gosta de fantasmas.

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José Luiz Martins. Humorista, publicitário e roteirista. Sócio da empresa Pé da Letra, de criação e produção de conteúdo. © 2014.

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