Em uma década (2012-2022), o número de internações de ciclistas envolvidos em acidentes cresceu 71%. Dados do DataSUS, ferramenta do Ministério da Saúde, mostram que, em 2012, o Sistema Único de Saúde (SUS) registou 8.831 hospitalizações com esse perfil e, no ano passado, 15.098. Dez anos atrás, 205 pessoas perderam a vida. Em 2022, foram 316 óbitos.
Já neste ano, até março, o SUS contabilizou 3.543 internações e 74 pessoas morreram.
Veículo ambientalmente correto, de preço acessível, simples e que sua utilização traz, ainda, ganhos à saúde física. Todos esses fatores têm feito da bicicleta presença por todos os lados. Se antes o uso era mais comum em momentos de lazer, hoje é usada como meio de transporte para ir ao trabalho, aos estudos, ganhado as ruas e até as rodovias, em viagens.
“Nos últimos anos, temos operado bastante praticantes de ciclismo”, fala o presidente da Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico (TRAUMA), José Octavio Soares Hungria.
Segundo o especialista, a maior parte dos casos são fraturas relacionadas à queda sobre o ombro – com acometimento à clavícula e à articulação acromioclavicular (junção da clavícula com o osso da escápula). “A clavícula e suas articulações têm grande papel na dinâmica do ombro, uma vez que são as únicas conexões articulares entre o ombro e o restante do corpo”, explica.
Nos acidentes com cliclista, outra lesão comum é a fratura do terço distal do rádio. “O rádio é o maior dos dois ossos que formam o antebraço e a extremidade no sentido do punho é chamada de extremidade distal. As fraturas do rádio distal ocorrem quando a área do rádio próxima ao punho se quebra. Esse tipo de lesão é muito comum, ocorrendo geralmente devido à queda ao solo com a mão espalmada”, fala.
Embora essas lesões, geralmente, evoluam para uma plena recuperação com tratamento cirúrgico, o traumatologista lembra que todo tipo de fratura demanda um tempo significativo para o restabelecimento, impactando na vida da pessoa, como a necessidade de afastamento do trabalho por um período e limitação para as tarefas diárias. “Para evitar todos esses transtornos, a medida é prudência e de todos: ciclistas, motoristas, motociclistas e pedestres. Com respeito às leis de trânsito e ao próximo, é possível reduzir essas drásticas estatísticas”, diz, acrescentando: “E, para os ciclistas, o uso de equipamentos de proteção também é imprescindível: capacete, joelheiras, cotoveleiras, mas isso não resolve tudo, então, a todos os agentes que compõem o trânsito, a responsabilidade deve ser a máxima”, conclui.