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Tratamento da fibromialgia deve ser multidisciplinar e personalizado

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Fevereiro Roxo é o mês de conscientização sobre algumas doenças como lupus, Mal de Alzheimer e a fibromialgia. Considerada como uma Dor Primária Crônica, de acordo com a nova classificação Internacional de Doenças (CID-11) feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS) recentemente(1), a fibromialgia é caracterizada por ser uma dor muscular generalizada, em várias partes do corpo, e crônica (que dura mais que três meses). O paciente que sofre com essa doença também apresenta outros sintomas considerados típicos, como fadiga e sono não reparador, dor de cabeça e síndrome do intestino irritável, bem como distúrbios do humor, como depressão e ansiedade.(2)

Estima-se que de 2 a 8% da população mundial sofra com fibromialgia, que é a terceira doença reumática mais comum, ficando atrás apenas da lombalgia (dor nas costas) e da osteoartrite.(1) Luciana Bahia, neurologista, especialista em dor e gerente médica da Grünenthal Brasil, empresa líder mundial no tratamento da dor(3), explica que a fibromialgia é classificada como uma dor do tipo nociplástica, ou seja, aquela causada pelo aumento da sensibilidade do sistema nervoso periférico e central que gera, como consequência, um estímulo de receptores da dor sem causa evidente. “Há uma alteração na percepção e processamento da dor no cérebro. É como se o ‘termostato’ que regula a dor que a pessoa com fibromialgia sente fosse desregulado, fazendo com que o sistema nervoso dela responda a qualquer estímulo doloroso com muito mais intensidade do que o normal”, explica.

Além da dor nociplástica da fibromialgia, existem outros tipos de dores crônicas que, segundo estudo da Sociedade Brasileira de Estudos da Dor (SBED), acometem no geral pelo menos 37% da população brasileira.(4) Entre elas estão as dores nociceptivas (quando há lesão ou inflamação dos tecidos, como no caso de uma pancada ou inflamação cuja dor perdura), dores neuropáticas (provocadas por uma lesão no sistema somatossensitivo, como a neuropatia diabética, comumente chamada de “pé diabético”), bem como dores mistas (aquelas com componente nociceptivo e neuropático, como certas lombalgias).(5) “Quando diagnosticadas e tratadas de forma correta, as dores crônicas podem ser aliviadas significativamente ou, dependendo do caso, totalmente superadas, fazendo com que o paciente possa ganhar de volta sua funcionalidade e qualidade de vida”, pontua a Dra. Luciana.

O diagnóstico da fibromialgia é clínico, ou seja, depende da correta avaliação do médico durante a entrevista feita com o paciente na consulta.(6) Já o tratamento exige uma abordagem multidisciplinar, que combine o tratamento farmacológico, exercícios físicos, suporte psicossocial, fisioterapia, ajustes na alimentação e na rotina de sono, entre outros, a depender das necessidades particulares do paciente.(1)

A Dra. Lin Tchia Yeng, médica fisiatra do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP) e coordenadora do Curso Interdisciplinar de Dor da USP, explica que as dores crônicas sentidas pelo paciente com fibromialgia podem gerar consequências na vida pessoal, social, familiar e até profissional, bem como na saúde mental dessas pessoas. Por isso, a avaliação e diagnóstico corretos e oportunos, bem como um tratamento individualizado, aplicado de acordo com as necessidades do paciente, é fundamental: “a atenção ao paciente com fibromialgia deve ser detalhada e específica para cada caso, realizada em várias frentes, não se restringindo a apenas aliviar as dores, mas também a melhorar a funcionalidade e o psiquismo desses pacientes, que também podem ser afetados por conta de sua dor crônica. Se o diagnóstico clínico e tratamentos forem adequados e realizados de forma precoce, há uma melhora significativa do prognóstico e da qualidade de vida dessas pessoas”.

Para melhorar a dor crônica, a Dra. Lin também pontua que mudanças de hábitos podem ser essenciais para propiciar uma melhora geral do prognóstico do paciente. “Tudo começa por um bom diagnóstico, uma boa entrevista clínica, na qual o médico possa identificar as possíveis causas desencadeantes e perpetuantes da dor crônica. Por muitas vezes, identificamos problemas de postura e ergonomia — por exemplo, quando o colchão do paciente está ruim e ele amanhece todos os dias com dores, ou quando trabalha sentado e não possui uma cadeira confortável e ergonômica ou um suporte para o notebook, ou até mesmo quando há o uso excessivo do celular, entre tantos outros hábitos inadequados que adquirimos”, explica a doutora. “O problema disso é que as consequências vão se acumulando, virando uma bola de neve e contribuindo para um ciclo vicioso: por sentir dor, a pessoa não consegue ter uma boa noite de sono, isso afeta seu humor, deixa o paciente mais sensibilizado e com mais dores, que pioram, fazendo também com que a funcionalidade do paciente piore e o ciclo continue. É fundamental que o médico possa identificar esses fatores juntamente aos pacientes para que haja a modificação desses hábitos prejudiciais, a fim de obter o melhor resultado de reabilitação como um todo”.

Fevereiro Roxo: no mês de conscientização sobre algumas doenças crônicas, saiba mais sobre essa condição que provoca dores intensas em várias partes do corpo
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