Embora a tradição judaica tenha ênfase nos mandamentos divinos que estão fundamentados em valores e princípios que enfatizam a importância do equilíbrio, da moderação e da busca de um comportamento ético em todas as áreas da vida, as quais me identifico, sempre fui aberto a perceber as lições que outras filosofias e religiões me ensinam e fazem refletir sobre o comportamento humano.
Observando a doutrina católica, os sete pecados capitais trazem uma lista de vícios ou comportamentos considerados prejudiciais ou imorais cometidos pelas pessoas e, apesar de não haver uma correspondência direta entre os sete pecados capitais e o judaísmo, a tradição judaica promove um conjunto de valores e princípios que buscam orientar os indivíduos a agirem de forma justa, compassiva e responsável perante Deus e os outros. Ao trazer esses pecados para a realidade da intermediação imobiliária, considerando as colocações acima, podemos ver como eles impactam a rotina e os resultados dos profissionais desse segmento.
É fundamental que tenhamos comportamentos e atitudes que reflitam positivamente nos serviços que prestamos. Nesse sentido, podemos fazer uma analogia com as virtudes, que são qualidades que constituem bons indivíduos, como a humildade, generosidade e empatia. Também pontuarei diferentes formas de interpretação e ressignificações sobre questões simples que sofremos pela influência externa. A seguir, pontuarei os sete pecados capitais com uma reflexão sobre o que acontece e como podemos melhorar a atuação dos profissionais deste setor para alcançarem melhores resultados.
1. LUXÚRIA: a falta de prazer no seu trabalho atrairá o fracasso.
É muito difícil estar motivado todos os dias, assim, nosso trabalho precisa estar alinhado com o nosso propósito de vida, àquilo que nos move a levantar da cama todos os dias de manhã e nos gera energia ilimitada para fazermos o que é preciso.
Assim, devemos encontrar o nosso propósito, o que nos dá prazer tendo compromisso em tudo o que fazemos. O sucesso e dinheiro são consequências de algo que deve fazer sentido para você e impactar positivamente a vida das pessoas.
2. GULA: não tenha pressa.
Sucesso não é sorte, demora, dá trabalho e dói, mas dói bem menos que o fracasso. Independentemente de todos os desafios, necessidades ou falta de tempo, coloque o cliente em primeiro lugar e entenda que os seus resultados envolvem pessoas e as decisões delas impactarão muitas outras pessoas. Sua única coisa a ser feita deve ser o foco no cliente, atendendo suas necessidades, demandas e desejos, assim, trazendo segurança, agilidade, facilidade e oportunidades ao processo. Foque, pode ter certeza, o resultado aparecerá e antes do que imagina!
3. AVAREZA: relação tóxica com o dinheiro.
Ter sucesso não significa ter muito dinheiro, isto é fato! Os mais endinheirados apresentam os maiores índices de infelicidade mesmo tendo todo conforto e recursos disponíveis. Trabalhe com algo que faria como se não precisasse ganhar dinheiro, pois ele virá como consequência. Lembre-se de nunca ultrapassar os limites da ética, pois nenhuma negociação vale a sua reputação. Respeite a ordem e busque o seu equilíbrio para que a sua entrega seja plena, então, primeiro DEUS (a sua conexão espiritual), depois a FAMÍLIA (seja qual for a sua estrutura familiar) e por último os NEGÓCIOS.
4. PREGUIÇA é o principal motivo do insucesso se potencializado com a passividade e procrastinação.
Considerando a geração de leads para se obter novos negócios (venda e captação), a preguiça representa apenas receber leads quentes para assinatura de um novo contrato e fechamento de um novo negócio, sem fazer esforços para gerar novos leads, porém sabemos que não há leads ruins, o que há são leads mal trabalhados. Assim, a preguiça de gerar seus próprios leads e fazer a gestão do seu banco de dados não lhe trará o sucesso desejado, então faça o que precisa ser feito e saiba: o que motiva é a disciplina, constância, novos e bons hábitos. Neste caso, o novo hábito de gerar seus próprios leads diariamente.
Zig Ziglar, considerado um dos maiores vendedores do mundo dizia: “Pare de vender, comece a ajudar.” Então, primeiro conecte-se, em seguida entenda as necessidades e o momento do seu lead e, só por fim, venda.
5. IRA (raiva) contra a riqueza.
É possível ser rico dentro da ética, persistência e profissionalismo, mas o seu objetivo não pode ser o dinheiro. Acumular riqueza pode ser entendido como um processo de quatro etapas: ganhar dinheiro, economizá-lo, investi-lo e poder ajudar quem e como você quiser.
Sua rentabilidade está relacionada à sua produtividade, que por sua vez está relacionada ao seu propósito, responsabilidade, metas e sonhos.
6. INVEJA do outro.
O seu sucesso não tem relação com o fracasso do outro, todo negócio precisa ser ganha-ganha ou não há acordo. Parabenize e reconheça as conquistas alheias. O trabalho em equipe leva você muito mais longe, enquanto a inveja só aumenta o sucesso dos outros. Pensar grande dá o mesmo trabalho de pensar pequeno e sempre faça o que está certo, mesmo que ninguém esteja fazendo.
7. SOBERBA: orgulho, vaidade ou ego.
A soberba é caracterizada pelo orgulho excessivo, pela arrogância e está relacionada à superioridade, que por sua vez, traz isolamento, a falsa impressão de que já sabemos tudo, não precisamos de nada e ninguém, além de uma busca insana pelo reconhecimento externo e a busca constante por aprovação e elogios, que acaba negligenciando as necessidades e os sentimentos dos outros.
O antídoto é a busca do aprendizado e melhoria contínuos, a evolução, a escuta, a leitura e dar-se a humilde oportunidade para o novo e diferente vindos originariamente de tudo e todos sem qualquer julgamento ou preconceito. O mundo atual é dinâmico, ágil, desafiador, proativo e generoso, portanto, o que deu certo no passado, necessariamente não dará certo no futuro. Enfim, seja humilde, pois até o Sol com toda sua grandeza se põe e deixa a Lua brilhar.
Concluo esta reflexão com o objetivo de provocar e orientar esta classe de profissionais que ainda não tem a sua devida autovalorização com a frase: “Quanto mais eu sei, mais eu sei o quanto me resta saber”, então, vamos em frente, hoje paramos para afinar o machado, mas amanhã, seremos diferentes e melhores do que fomos ontem.