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Trago a resposta

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Cassio Zanatta

     Fecho os olhos, me concentro, respiro fundo. Vamos à primeira pergunta: é verdade que o tempo está passando mais rápido do que costumava passar? Sim, sem dúvida. Não é impressão sua que os dias encurtaram e que a vida desembestou. Os cientistas e mesmo a NASA têm afirmado que a rotação da Terra acelerou em não sei quantos milésimos de segundos. Não sei se esse é o motivo para tanto atropelo, mas não deixa de ser uma constatação científica.

      Um sujeito quer saber se não é verdade que as mulheres são  meio estranhas. Acho sim, muito estranhas. Mas não vamos negar que os homens também são, e também muito, quando não mais – aliás, gente em geral é um troço complicado. E para isso parece não haver resposta.

     Fulana pergunta como deixar de misturar alhos e bugalhos, se ela não faz a menor ideia do que sejam bugalhos. Também não sei, recorramos à definição do dicionário: “Bugalho é uma formação tumoral ou hipertrofia de tecidos vegetais que pode ter formas variadas e que se desenvolve por ação de inseto, fungo ou bactéria; cecídio.”. OK, mas como esse troço aí poderia ser confundido com um alho? Quem faria um camarão à provençal temperado com bugalhos? Na dúvida, não misture o que conhece com o que apenas parece ser. Vale para a cozinha, os negócios, para o amor, para tudo, se a gente for ver.

     Próxima pergunta: Deus existe ou não? Pergunta capciosa essa. Depende do que a pessoa entende por Deus. Para mim, o vento que chacoalha a árvore e esparrama as folhas pela grama é deus. Vênus nascendo às cinco da matina acordando os galos é deus. O calor dos meus filhos quando estão dormindo é deus. Mas imagino que a pergunta se refere àquele outro lá, o com maiúsculas, DEUS, o Todo-Poderoso, criador de tudo que existe. Entendi. Posso pensar mais um pouquinho? Uns seis dias, por aí, e no sétimo descansar?

     M. quer saber se R. gosta dele pra valer. Hum. Agora sou eu quem pergunto: R. já deu alguma demonstração disso, M? Por exemplo, já dividiu com você um pacote de jujubas? Trocou um olhar que fez você se arrepiar da unha do pé aos fios de cabelo que espero que ainda os tenha em abundância? Digo que, se você, M., gosta de R, já é meio caminho andado. Para uma resposta mais apurada, faz o seguinte: pergunta pra R., ué. Claro que isso exige uma dose de coragem (e aqui está a graça da coisa), e a primeira exigida aqui é parar de se referir a vocês com essas iniciais ridículas.

    Essa outra aqui é recorrente: muita gente quer saber se existe vida após a morte. A pergunta em questão (!) não especifica se diz respeito à vida eterna, a renascer em outro corpo, a voltar na forma de outra criatura, ou se a alguma alma vagando por aí pela eternidade – se a gente não se entende muito bem em vida, quanto mais depois dela. De qualquer maneira, não fugirei da resposta nem vou recorrer a raciocínios enrolados. Serei sucinto e direto: sei lá.

    Em resposta a esse outro questionamento meio malcriado: não, não tenho diploma, comprovante, convívio com monges tibetanos ou nenhuma formação acadêmica que justifique toda essa sabedoria. Como? Se eu não tenho então coisa melhor a fazer? Vou pensar nisso, o que é sempre uma boa coisa a fazer.

     Bom, meu tempo está se esgotando. Mesmo um homem que tem todas as respostas precisa se deitar na rede e chupar uma mexerica de vez em quando. Agradeço a paciência de todos e espero que tenham ficado satisfeitíssimos com os esclarecimentos.

     Ah, não era isso que você havia perguntado?

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