| Especialistas enfatizam a importância de ambientes ricos em estímulos para o crescimento saudável e cognitivo das crianças. |
| Você já parou para pensar como os ambientes visuais ao nosso redor podem influenciar o desenvolvimento cognitivo das crianças? Evidências científicas indicam que, ao projetar espaços que atendam às necessidades sensoriais das crianças, podemos contribuir significativamente para um crescimento mais saudável e propício ao aprendizado. No artigo de 2021 “Can Suboptimal Visual Environments Negatively Affect Children’s Cognitive Development?”, são levantadas questões sobre como ambientes minimalistas ou com poucos estímulos podem impactar negativamente no desenvolvimento das crianças. Gabi Sartori, arquiteta e especialista em neurociência do desenvolvimento infantil e cofundadora da Academia Brasileira de Neurociência e Arquitetura (NEUROARQ®️ Academy), sugere que a arquitetura minimalista pode não estar completamente alinhada às necessidades visuais e sensoriais das crianças em momentos críticos de seu desenvolvimento. “Imagine um quarto de criança com paredes brancas, móveis minimalistas e poucos estímulos visuais. Esse ambiente pode parecer moderno e tranquilo para os adultos, mas para o cérebro em desenvolvimento de uma criança, pode significar uma privação de estímulos importantes”, destaca Gabi. Ela compara: “Agora, imagine um quarto colorido e repleto de desenhos nas paredes, brinquedos variados e muitas formas interessantes ao redor. Nesse ambiente, a criança é constantemente estimulada visualmente, com cores e detalhes que instigam sua curiosidade e criatividade”. Priscilla Bencke, também arquiteta e cofundadora da NEUROARQ®️ Academy, reforça que a neurociência mostra que a riqueza de estímulos visuais em um ambiente enriquecido pode contribuir significativamente para o desenvolvimento cognitivo infantil. “Assim como as crianças precisam de uma dieta saudável para crescerem fortes, seus cérebros também precisam de uma ‘alimentação’ adequada em forma de estímulos visuais variados”, enfatiza. De acordo com Priscilla, as crianças observam o ambiente e absorvem sabedoria do mundo diretamente através de suas memórias subconscientes. Isso acontece porque o esforço fisiológico do cérebro de uma criança é muito menor em relação ao cérebro adulto, pois a plasticidade cerebral diminui com a idade. “Isso ajuda a entender como os pequenos conseguem armazenar grande volume de informações sobre o seu contexto e meio”, explica Gabi. Mas como trazer para o contexto da arquitetura e do design? Uma teoria da médica e pedagoga, Maria Montessori, pontua que desde o nascimento, a criança absorve todos os estímulos do ambiente de maneira semelhante a uma esponja. Através de estímulos como a visão, olfato, audição e tato, elas aprendem mais rapidamente e sente-se mais motivadas e concentradas. A visão requer atenção especial às cores e iluminação dos espaços. Tons pastéis e iluminação natural são preferíveis para criar uma atmosfera calma, enquanto texturas variadas podem enriquecer a experiência tátil das crianças. A música de qualidade e o equilíbrio com momentos de silêncio são essenciais para o desenvolvimento auditivo, e o uso de plantas pode melhorar a qualidade do ar e oferecer estímulos olfativos positivos. “Ao entender e aplicar esses conceitos, podemos projetar espaços que não apenas atendam às necessidades estéticas modernas, mas também apoiem o desenvolvimento integral e saudável das crianças”, finalizam as arquitetas. |
